Estreia com exclusividade na Sala Paulo Amorim, na Casa de Cultura Mario Quintana, Quando Escurece (Cuando Oscurece, 2022), filme argentino que rendeu a Néstor Mazzini o Kikito de melhor direção na mostra latina do 50º Festival de Cinema de Gramado, no ano passado. As sessões, a partir desta quinta-feira (15), serão às 16h45min.
Em atuação encantadora, Matilde Creimer Chiabrando interpreta a menina Flor, que está viajando de carro na companhia do pai, Pedro, personagem encarnado pelo uruguaio Cesar Troncoso — ganhador dos prêmios de melhor ator em Gramado por O Banheiro do Papa (2007) e A Oeste do Fim do Mundo (2013), além do Kikito de Cristal, em 2020.
Flor nos faz rir com suas perguntas ao pai sobre sexo e seus pedidos para ir à Disney. Mas há uma atmosfera de tensão, realçada pela direção de fotografia assinada por Guillermo Saposnik e pelos longos silêncios — a trilha sonora de Tomas Rodriguez e Mariano Abalo aparece com muita parcimônia. Também estranhamos as atitudes do pai, que fica postergando a apresentação dos documentos em uma pousada e o telefonema para a mãe solicitado pela filha.
É de se estranhar mesmo, porque, como frisou o cineasta Néstor Mazzini no discurso de apresentação no Palácio dos Festivais, esta é a segunda parte da chamada Trilogia do Autoengano, iniciada em 36 Horas (2021). Nesse filme, são apresentados os três personagens principais de Quando Escurece — o trio se completa com Erica (Andrea Carballo), a mãe — e, a julgar pelas resenhas, os conflitos financeiros e familiares que motivaram Pedro a fazer o que faz agora. Mas nem o público nem a crítica do Festival de Gramado foram bem informados sobre isso, o que prejudicou a fruição.
Para piorar, a sinopse oficial divulgada pela produção do longa argentino informa demais sobre a trama. Praticamente tudo o que ocorre nos 76 minutos de duração está contado nela, deixando Quando Escurece (com o perdão do trocadilho) muito às claras.