Que tal aproveitar o feriadão do Dia do Trabalho (celebrado em 1º de maio, segunda-feira) para começar, retomar ou até maratonar alguma série?
A lista de 10 deste fim de semana reúne seriados — todos disponíveis no streaming — em que o ambiente de trabalho é praticamente um personagem.
Os personagens de carne e osso, por sua vez, exercem vários tipos de profissão: são publicitários, médicos, professores, chefs de cozinha, programadores do Vale do Silício...
Abbot Elementary (2021-)
Gravada como um documentário sobre escolas públicas sem dinheiro e mal administradas, a série criada por Quinta Brunson ganhou três Emmys no ano passado: melhor elenco, atriz coadjuvante (Sheryl Lee Ralph) e roteiro. Os personagens são os professores e estudantes do colégio Abbott Elementary, como a jovem Janine (a própria Quinta Brunson), motivada a vencer o sistema e transformar a vida do seus alunos do 2º ano do Ensino Fundamental. Ela une forças com outro jovem professor, Jacob (Chris Perfetti), que sonha ser um novo John Keating, do filme Sociedade dos Poetas Mortos (1989). Mas terá de lidar, por exemplo, com Gregory (Tyler James Williams), um substituto fazendo apenas o mínimo enquanto espera por um emprego melhor, e as experientes Barbara (Sheryl Lee Ralph) e Melissa (Lisa Ann Walter), que já abandonaram as ilusões. (2 temporadas até agora, 35 episódios, Star+)
Dix pour Cent (2015-)
A comédia dramática francesa criada por Fanny Herrero acompanha o cotidiano dos profissionais de uma agência de talentos, a ASK— o título se refere ao valor de comissão (10%) pago pelos atores e pelas atrizes. Mathias (Thibault de Montalembert) é o empresário ambicioso, Gabriel (Grégory Montel), um sonhador meio atrapalhado, Arlette (Liliane Rovére), a veterana da turma, e Andrea (Camille Cottin) é uma espécie de femme fatale que poderia ser ela própria uma estrela. CA cada episódio, um artista de renome interpreta uma versão ficcional de si mesmo, como cliente da ASK. Entre os convidados, estão Cécile de France, Juliette Binoche, Jean Dujardin, Jean Reno, Isabelle Huppert e Monica Bellucci. (4 temporadas até agora, 24 episódios, Netflix)
Mad Men (2007-2015)
Quatro vezes ganhadora do Emmy de melhor série dramática, a obra criada por Matthew Weiner tem início na Nova York de 1960, em meio à Era de Ouro da propaganda. O protagonista, o sedutor Don Draper (Jon Hamm), é um publicitário de sucesso na Madison Avenue, endereço das principais agências, que têm entre os clientes marcas famosas como Kodak, Hershey's, Jaguar e Hilton. Sua aparente boa vida esconde algum segredo do passado. O dia a dia no trabalho e na família de Draper— casado com a ex-modelo Betty (January Jones), mãe de seus três filhos - reflete os acontecimentos e as transformações sociais da época: a morte da atriz Marilyn Monroe, os assassinatos do presidente dos EUA John F. Kennedy e do ativista Martin Luther King Jr., a chegada do homem à Lua... No cenário machista de Mad Men, destacam-se personagens femininas, como Peggy Olson (Elisabeth Moss), que quer ser a primeira redatora da empresa, e a gerente Joan Holloway (Christina Hendricks), que tem um caso com um dos donos da agência, Roger Sterling (John Slattery), desde que era sua secretária. (7 temporadas, 92 episódios, Amazon Prime Video e HBO Max)
The Newsroom (2012-2014)
Uma das marcas registradas das obras escritas por Aaron Sorkin são os diálogos absurdamente velozes, reflexo da própria personalidade do roteirista. A metralhadora verbal é uma das armas de The Newsroom, que retrata com muito realismo e paixão as delícias, as dores e os dilemas do jornalismo. A série acompanha o dia a dia de uma emissora de TV lidando com episódios reais do noticiário recente (como o caso WikiLeaks ou o atentado à maratona de Boston) e com as mudanças na profissão, como aquelas provocadas pela revolução digital. Jeff Daniels interpreta o âncora republicano, Will McAvoy. Emily Mortimer é a produtora MacKenzie McHale. Alison Pill encarna Maggie Jordan, que começa como estagiária. Dev Patel faz o papel do repórter Neal Sampat. Olivia Munn é Sloan Sabbith, a analista financeira do News Night, e Sam Waterston, Charlie Skinner, presidente da divisão de notícias da emissora comandada por Leona Lansing (Jane Fonda). (3 temporadas, 25 episódios, HBO Max)
The Office (2005-2013)
Esta não poderia faltar, mesmo que seja figurinha carimbada nas minhas recomendações. Desenvolvida por Greg Daniels com base no homônimo seriado britânico de Ricky Gervais e Stephen Merchant, a versão estadunidense de The Office deixou como legado um dos maiores personagens das comédias: Michael Scott, o chefe sem noção encarnado por Steve Carell (seis vezes indicado ao Emmy). No escritório da fábrica de papel Dunder Mifflin, Michael sintetiza vários problemas do mundo corporativo, mas, ao fazer isso, acaba por lembrar como somos imperfeitos. Não raro, nossa reação a suas atitudes passa da vergonha alheia à mais sincera ternura. Tanto melhor que ele está rodeado de outros tipos memoráveis, como o excêntrico Dwight (Rainn Wilson), o isentão Jim (John Krasinski), a insegura Pam (Jenna Fischer), a rígida Angela (Angela Kinsey), Stanley (Leslie David Baker), o rei da má vontade, e Toby (Paul Lieberstein), que, à frente do RH, é o alvo preferido do protagonista. (9 temporadas, 201 episódios, Amazon Prime Video, HBO Max e Netflix)
Ruptura (2022-)
É uma espécie de cruza entre The Office, Black Mirror e Homecoming. A porção comédia de escritório puxa mais para o humor absurdo ou mesmo para o riso nervoso; a ficção científica espelha inquietações reais, com novas tecnologias potencializando anseios, crises e vícios da sociedade contemporânea; e há drama e suspense por conta de algum tipo de lavagem cerebral.
Criada pelo estreante Dan Erickson e dirigida por Ben Stiller, Ruptura gira em torno de uma empresa, a Lumon, que descobriu uma maneira de separar, cirurgicamente, a vida profissional da pessoal. À primeira vista, parece uma relação ganha-ganha: ninguém leva para o escritório os problemas domésticos, ninguém volta para casa com o estresse do trabalho. Mas é claro que há implicações éticas, dilemas morais e consequências psicológicas na divisão entre os innies (as personas que só vivenciam sua própria existência dentro da Lumon) e os outies (as personas externas, que não têm lembrança das rotinas internas). O personagem principal é Mark Scout (Adam Scott), que topou participar do programa de ruptura entre as memórias pessoais e as memórias profissionais para não deixar que o luto pela morte da esposa dominasse o seu dia inteiro. Ele acaba de ser promovido após o repentino e misterioso desligamento de um amigo, que em breve começa a revelar podres da Lumon. Uma das primeiras tarefas de Mark no cargo é recepcionar uma nova empregada do seu setor, o de "refinamento de macrodados" — nem ele nem seus subordinados sabem exatamente o que fazem. A nova contratada é Helly (Britt Lower), que tentará lutar contra o sistema, mas vai esbarrar em uma esmerada burocracia e em um dedicado supervisor dos innies. (1 temporada até agora, 9 episódios, Apple TV+)
Silicon Valley (2014-2019)
A série aborda de forma satírica o cotidiano de programadores no Vale do Silício, um reduto de tecnologia na Califórnia (Estados Unidos), base de startups e atuais gigantes mundiais, como Apple, Facebook e Google. Inspirada na experiência de um dos criadores, Mike Judge, que trabalhou como engenheiro de testes na região ainda nos anos 1980, traz personagens que almejam ser os próximos Steve Jobs e Mark Zuckerberg. O personagem principal, interpretado por Thomas Middleditch, é Richard, que desenvolveu um algoritmo inovador na compressão de arquivos e se vê em um dilema: vende sua ideia para Gavin Belson (papel de Matt Ross), CEO da fictícia empresa Hooli) ou ergue uma grande startup com a ajuda de um investidor bilionário? (6 temporadas, 53 episódios, HBO Max)
Sob Pressão (2017-)
O seriado médico foi criado a partir do filme homônimo de 2016. Tanto o filme quanto a série são livremente inspirados no livro Sob Pressão: a Rotina de Guerra de um Médico Brasileiro, relato do cirurgião torácico Marcio Maranhão à jornalista Karla Monteiro. A direção-geral é de Andrucha Waddington, o mesmo realizador da versão cinematográfica — que também trazia no elenco Júlio Andrade e Marjorie Estiano, protagonistas da adaptação televisiva, nos papéis dos cirurgiões Evandro e Carolina. As tramas apresentam elementos típicos dos dramas hospitalares: os casos graves que chegam à emergência e os casos românticos que rolam nos bastidores, as incisões e as intrigas, os personagens que transitam entre a vida e a morte e os que mal têm tempo para viver. Sob Pressão também faz um retrato da saúde pública do Brasil, destacando problemas crônicos— a corrupção, a fila dos transplantes, a falta de tudo — e profissionais que se desdobram para dar conta dos pacientes. (5 temporadas até agora, 63 episódios, Globoplay)
Suits (Homens de Terno, 2011-2019)
Entre as muitas séries sobre advogados, a criação de Aaron Korsh tem um forte fã-clube no próprio meio jurídico. Criada por Aaron Korsh, conta a história de Mike Ross (encarnado por Patrick Johannes Adams), um jovem que possui uma memória fotográfica incrível e ganha a vida fazendo provas para outras pessoas, mas nunca concluiu a faculdade de Direito. Ele desperta a atenção de Harvey Specter (Gabriel Macht), um dos melhores advogados empresariais de Nova York, que o contrata para trabalhar com ele. Mas, para isso, a dupla precisará mentir sobre a formação de Mike. (9 temporadas, 124 episódios, Netflix)
O Urso (2022-)
O que um prestigiado chef está fazendo comandando a cozinha de uma espelunca que vende sanduíches de carne em Chicago? É uma das primeiras questões que emerge nesta comédia dramática criada por Christopher Storer que valeu a seu protagonista, Jeremy Alen White, os troféus do Sindicato dos Atores dos EUA, do Globo de Ouro e do Critics' Choice. Angustiado pela recente morte do irmão, Carmy, o personagem principal, surge como um homem em uma missão: salvar o restaurante da família, que foi deixado a ele como uma herança maldita. Todos ao seu redor, dos funcionários do estabelecimento à sua irmã mais velha, o aconselham a desistir. O lugar está a beira da falência e a saída lógica seria vender o prédio por seu valor imobiliário. Mas, apesar de claramente atormentado pela tarefa, o protagonista não aceita desistir. E, assim, O Urso oferece ao espectador um prato que mistura muita tensão e algum humor nas cenas dentro da cozinha, mostrando a pressão, o estresse e os riscos — mas também as alegrias e os prazeres — a que estão sujeitos aqueles que decidem trabalhar na gastronomia. (1 temporada até agora, 8 episódios, Star+)