O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro porque nessa data, em 1695, foi morto Zumbi, o último líder do Quilombo dos Palmares, um símbolo da resistência contra a escravidão no Brasil.
Para marcar este sábado (20), fiz uma lista com 10 filmes nacionais lançados nos últimos 10 anos e disponíveis no streaming.
São cinco documentários e cinco ficções que abordam a herança nefasta dos mais de 300 anos de escravatura, continuada sob a forma do racismo, da exclusão social, da violência policial.
Cidade de Deus: 10 Anos Depois (2013)
O documentário de Cavi Borges e Luciano Vidigal se debruça sobre a trajetória de atores que estrelaram o filme Cidade de Deus (2002), indicado a quatro Oscar. A partir dos depoimentos de Seu Jorge, Alice Braga, Darlan Cunha, Douglas Silva, Roberta Rodrigues e Leandro Firmino da Hora, entre outros, diretores e entrevistados discutem questões como racismo, preconceito, ascensão social, solidariedade e o cotidiano das comunidades periféricas. (Globoplay, Netflix e Apple TV)
Branco Sai, Preto Fica (2014)
Essa foi a frase dita por um dos policiais que invadiram um baile de black music em Ceilândia, no Distrito Federal, em 1986.
Combinando de forma inventiva o registro documental com a ficção científica, o diretor Adirley Queirós apresenta um contundente painel sobre a desigualdade racial no Brasil. Seus protagonistas são dois homens que arrastam os efeitos daquela noite violenta. Marquim do Tropa ficou paraplégico. Sartana perdeu uma perna. Hoje, Marquim, que é DJ, reconstitui a tragédia fazendo rap. Sartana, artesão, produz ou conserta próteses para outros mutilados. Branco Sai, Preto Fica conquistou os Candangos de melhor filme, ator (Marquim do Tropa) e direção de arte em Brasília e o prêmio de melhor filme latino-americano no Festival de Mar del Plata. (Netflix)
Menino 23: Infâncias Perdidas no Brasil (2016)
O filme de Belisário França documenta a investigação do historiador Sidney Aguilar a partir de uma descoberta apavorante: nos anos 1930, 50 meninos negros e mulatos foram tirados de um orfanato do Rio de Janeiro para serem escravos em uma fazenda no interior paulista. (Globoplay)
Pitanga (2016)
A trajetória do baiano Antônio Pitanga, ator de clássicos como O Pagador de Promessas (1962), Barravento (1962) e Ganga Zumba (1963), hoje com 82 anos, contada por sua filha, a atriz Camila Pitanga, e pelo cineasta Beto Brant. (Globoplay)
O Caso do Homem Errado (2017)
O documentário dirigido por Camila de Moraes recupera a história do operário negro Júlio César de Melo Pinto, executado dentro de uma viatura da Brigada Militar em 14 de maio de 1987, após ser preso, ao ser confundido com um assaltante, no bairro Partenon, em Porto Alegre. O crime ganhou notoriedade após Zero Hora divulgar imagens feitas pelo repórter fotográfico Ronaldo Bernardi. (Globoplay)
Praça Paris (2017)
A relação entre uma terapeuta portuguesa e uma de suas pacientes na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a ascensorista Glória (Grace Passô), estuprada pelo pai quando criança e irmã de um perigoso traficante de drogas, Jonas (Alex Brasil), que está na prisão. O longa de Lúcia Murat venceu nas categorias direção e atriz no Festival do Rio. (Apple TV, Google Play e YouTube)
Sócrates (2018)
Depois da morte da mãe, o adolescente Sócrates (Christian Malheiros) precisa tentar sobreviver sozinho em São Paulo, enfrentando o luto, a miséria, a violência e o preconceito em relação a sua cor e a sua sexualidade. O diretor Alexandre Moratto — o mesmo que depois faria 7 Prisioneiros (2021) – ganhou o troféu Someone to Watch (alguém para ser observado) no Independent Spirit Awards, a premiação americana voltada a produções independentes. (Telecine, Apple TV, Google Play e YouTube)
Temporada (2018)
O filme do diretor André Novais Oliveira narra a história de Juliana (Grace Passô), mulher que acaba de se instalar na periferia de Contagem, para trabalhar no combate à dengue. Enquanto isso, espera o marido vir de mudança também. Mas ele pode nunca chegar, em mais uma situação que põe à prova a força de uma mulher negra e da periferia. (Netflix, Apple TV, Google Play e YouTube)
M8: Quando a Morte Socorre a Vida (2019)
Criador do Dogma Feijoada, o cineasta paulista Jeferson De assina este drama com toques sobrenaturais sobre o racismo estrutural no Brasil — o protagonista (interpretado por Juan Paiva) é o único negro na turma de Medicina. Intrigado pelo fato de todos os corpos da aula de anatomia serem de pessoas negras, ele começa a ter alucinações a respeito de um dos cadáveres. No elenco, Léa Garcia, Zezé Motta, Ailton Graça, Rocco Pitanga e Lázaro Ramos. (Netflix e Apple TV)
Todos os Mortos (2020)
O filme de Caetano Gotardo e Marco Dutra se passa em 1899, 11 anos após a assinatura da Lei Áurea. Enquanto as irmãs Soares, da aristocracia paulista, entram em ruínas com a abolição da escravidão, a família Nascimento vive numa sociedade sem lugar para negros libertos. Todos os Mortos competiu na seleção oficial do Festival de Berlim e recebeu, em Gramado, os Kikitos de ator coadjuvante (Thomas Aquino), atriz coadjuvante (Alaíde Costa) e música original (Salloma Salomão). (Telecine, Apple TV, Google Play e YouTube)