“Afinal, o Brasil é o país de que, se não é o do futebol?”, era uma das frases mais faladas em redes sociais após a eliminação da seleção brasileira de futebol masculina na Copa América esse ano. Acho que as Olimpíadas, iniciando logo depois, conseguiram responder bem essa pergunta. Somos o país da ginástica, do vôlei de praia, do judô, do surfe, do skate, entre tantos outros que assistimos nos últimos dias e, por incrível que pareça ainda somos o país do futebol, mas do feminino.
E por falar em feminino, como eu havia escrito antes do início dos Jogos Olímpicos, foram as mulheres que mais trouxeram medalhas na delegação brasileira esse ano. Pela primeira vez na história, tivemos uma delegação de maioria feminina e, ainda por cima, todos os ouros foram conquistados por elas, isso é extremamente significativo para um país que pouco exalta suas atletas. A semente foi plantada. Que todas as nossas medalhistas consigam inspirar cada vez mais meninas e crianças a seguirem o caminho do esporte.
Por falar em caminho, o que foram essas duas últimas semanas? Como não lembrar do que vivemos? Choramos com atletas, xingamos árbitros e juízes, torcemos como nunca e aprendemos o quão difícil é chegar lá. A cada entrevista pós-competição conseguimos entender, um pouquinho pelo menos, do que é ser atleta no Brasil. Os desafios, a luta, o que há por trás desses super-humanos que só aparecem na TV a cada 4 anos. Aliás, até esse mito dos super-humanos pudemos ver que é uma idealização, atletas olímpicos são seres humanos como quaisquer outros. Choram, sangram e sorriem como todos nós.
Foi possível perceber de longe a paixão, a garra e a vontade que cada atleta olímpico tem de representar o seu país, afinal a vitória não é só para ele, mas, como pudemos ver nos últimos dias, é para uma nação inteira. Inclusive a nossa, que assiste mesmo que não entenda as regras do esporte, apoia mesmo sem nunca ter ouvido falar e torce, nem que seja para o juiz, desde que seja brasileiro.
Essa edição, que tinha como missão trazer os Jogos para dentro da cidade, também, por ironia do destino, acabou trazendo os esportes olímpicos para dentro de nossas casas e de nossas conversas. Nesse quesito, Paris cumpriu sua função. Além disso, a França abriu um precedente. Acredito que daqui para frente teremos Jogos Olímpicos cada vez mais integrados com as cidades, populações e torcedores. Por exemplo, a maratona “aberta” ao público, onde atletas amadores têm a oportunidade de correr no mesmo percurso que os atletas olímpicos.
Ah, quem me dera fosse olimpíada todo ano. Dessa vez, tudo volta ao normal, teremos que esperar 4 anos até a próxima. Los Angeles não é logo ali, infelizmente. Paris foi histórico em vários sentidos, espero que daqui em diante seja diferente para o grande público também, que passem a apoiar, se interessar e tenham a oportunidade de serem expostos aos esportes olímpicos ao longo do ciclo, não só em ano olímpico.
Au revoir, Paris.