Voltei ao Brasil, finalmente, após ficar pouco mais de 20 dias nos Estados Unidos entre treinos e competições. E digo para vocês que é ótimo estar de volta. Primeiro que escapei da neve e do frio, segundo que no Brasil é mais fácil de manter minha rotina normal. Terceiro que já estava com saudade da nossa culinária, que, modéstia à parte, é a melhor do mundo.
Mas não posso dizer que a viagem foi ruim. Muito pelo contrário, foi incrível estar de volta ao lugar que chamei de casa por 4 anos, ver o quanto as coisas mudaram, quanto cresci nesses 5 anos que fiquei sem visitar e rever algumas pessoas que cruzaram meu caminho. E por falar em pessoas, resolvi escrever esse texto sobre isso — os amigos que fazemos na trajetória.
Em meu último texto, falei como nós, atletas — sobretudo de esportes individuais — podemos nos sentir sozinhos em muitos momentos pela natureza do que fazemos e pela competitividade existente no meio esportivo. Devido a isso, nos apoiamos em nossos amigos próximos e familiares que são quem estão conosco no dia a dia. Mas isso ocorre também pela nossa rotina de viagens Brasil afora.
Acabamos fazendo muitas amizades por aí, seja com outros atletas, estudantes e até gestores, no meu caso. Às vezes, acabamos formando uma grande rede de pessoas que torcem e nos apoiam sem nem percebermos.
Olhando para trás, isso é muito especial. Honestamente, não sei como seria minha experiência de vida praticando esporte se não fossem os amigos que fiz pelo caminho. Provavelmente uma experiência muito mais vazia, rasa, até mesmo infeliz.
Inclusive, nessa visita, meus amigos me ajudaram de muitas formas. Seja oferecendo caronas, fazendo jantares, torcendo para mim enquanto competia, viajando junto para outros estados, entre muitas outras coisas que pude observar e agradecer durante esse último mês.
Há 9 anos, quando cheguei aos Estados Unidos pela primeira vez, fui extremamente bem recepcionado por muitas pessoas que eram estranhas na época. Agora, fui igualmente bem recepcionado pelas pessoas com as quais me sinto muito abençoado de ter formado laços.
Isso me fez sentir em casa mais uma vez e fez dessa mais uma viagem para guardar na memória. Tudo que aconteceu na minha vida foi graças ao atletismo. E esse é um dos componentes mais magníficos de qualquer esporte — a chance de conectar pessoas que não têm nada em comum através dele e permitir tocarem na vida umas das outras.