Olimpismo é o maior dos valores que qualquer esporte pode proporcionar e o que mais tem potencial de mudar o mundo. Quando falamos em esportes olímpicos, e consequentemente em Jogos Olímpicos, há uma gama de imagens que vem à cabeça: um esporte específico, os cinco anéis que representam os continentes, a tocha olímpica, a cerimônia de abertura. Olimpíada é uma palavra que, por ter muitos símbolos, ativa o nosso imaginário. Mas e se eu disser que vai muito além?
O título da minha estreia como colunista em GZH faz alusão à cartilha olímpica e aos princípios de amizade, compreensão mútua, igualdade, solidariedade e fair play (jogo limpo). Mais que uma filosofia esportiva, o olimpismo é uma filosofia de vida. A ideia é que a prática destes valores ultrapasse as fronteiras das arenas esportivas e influencie a vida de todos.
Por se tratar de uma filosofia de vida, milhões de atletas no mundo inteiro, ao praticarem e competirem seus esportes, propagam o olimpismo sem perceber. É uma rede em escala tão ampla que deixaria qualquer religião com inveja. Dia após dia, se busca construir um futuro vitorioso através dos treinamentos, respeitando as diferentes culturas, adversários, companheiros e regras, promovendo a paz e a diversidade. É o tipo de filosofia que transcende idade, gênero, raça e ideologia.
Na noite do dia 31 de julho de 2021, após 16 longos anos treinando, me tornei atleta olímpico ao entrar na pista do Estádio Olímpico de Tóquio, no Japão, para disputar a qualificatória do salto em distância. Eu estava com 24 anos. Apesar de ter levado tanto tempo para me tornar um "olímpico", posso garantir que minha relação com o olimpismo não começou naquela noite mágica para mim dentro do atletismo. A verdade é que já estávamos entrelaçados, eu apenas não havia notado.
O olimpismo, com seu poder de tingir além do esporte, é o maior dos valores que qualquer esporte pode proporcionar e é o que mais tem potencial de mudar o mundo. É imprescindível que nós o difundamos diariamente em todas as áreas, para que sejamos capazes de nos tornarmos catalisadores da mudança que o mundo precisa. É ele que permeia a vila olímpica, os locais de competição, a cidade-sede e faz com que os dias de jogos olímpicos sejam tão especiais.
Por fim, compartilho um desejo com os leitores de GZH: não esperem de mim, nessa coluna, apenas assuntos relacionados a notícias ou curiosidades sobre esportes olímpicos. Quero ir além, afinal, é isso que nós, atletas olímpicos, fazemos diariamente.