Os 8m23cm saltados em uma competição em Bragança Paulista, em abril deste ano, levaram o gaúcho de Porto Alegre Samory Uiki a garantir o índice para a disputa do salto em distância nas Olimpíadas de Tóquio. Aos 24 anos, o atleta alcançou o seu maior objetivo desde que ganhou uma bolsa para frequentar a escolinha de atletismo da Sogipa, fruto de uma parceria entre o clube gaúcho e a prefeitura da Capital.
Sempre muito inquieto e agitado, aos oito anos ele começou sua trajetória dentro do atletismo. Com destaque nos treinamentos feitos, ganhou outra bolsa, mas desta vez no colégio Pastor Dohms, que fica do lado da Sogipa. De família humilde, completou o ensino fundamental e o ensino médio na escola da zona norte de Porto Alegre.
Os estudos em um dos melhores colégios da cidade e a volúpia do garoto pelo conhecimento fizeram com que Samory fosse aprovado na faculdade de direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No entanto, rechaçou essa possibilidade. Pelo que havia feito durante a adolescência na sala de aula e pela trajetória esportiva que possuía, recebeu inúmeros convites para estudar nos Estados Unidos.
Com inglês avançado, mudou sua vida para Ohio, Estado no norte do país. Fez relações internacionais na Kent State University, ainda que isso tenha significado deixar o sonho olímpico, parcialmente, de lado.
— A trajetória dele, desde que chegou na Sogipa, aos oito anos, eu defino que foi uma constante busca da evolução, tanto dentro quanto fora das pistas. Uma preocupação constante em entender e aprender tudo. Eu destacaria a autodeterminação e a autoconfiança adquirida e desenvolvida nos anos de treinamento e participações em boas e importantes competições. Além, é claro, de ter um parceiro de treino, que é o Almir Júnior (do salto triplo), que o puxava para cima e ele, Samory, a mesma coisa — explica José Haroldo Loureiro Gomes, o Arataca, técnico da equipe de atletismo da Sogipa.
Depois de se formar nos Estados Unidos, a vontade de chegar a uma Olimpíada seguia viva em Samory. Ainda que estivesse em ótimas condições de infraestrutura na América do Norte, o atleta sabia que precisaria voltar à Sogipa para alcançar o nível de competitividade ideal em busca de uma vaga olímpica. Não foi por acaso que, no dia 24 de abril, ele enfim conseguiu alcançar seu maior sonho.
— O primeiro objetivo era a vaga. Agora, penso em chegar à final da minha prova. E, estando na final, tudo pode acontecer. Estou trabalhando bastante — disse Samory, que, devido à classificação para Tóquio, recusou um convite para cursar mestrado em administração do esporte na Universidade Olímpica de Socchi, na Rússia.