Que diferença faz para você, cidadão do Rio Grande do Sul, a concessão de uma medalha do Mérito Farroupilha para alguém que tem o apreço de um dos 55 deputados estaduais? Para a maioria de nós, este é um não-assunto, mesmo que muitas vezes nos perguntemos se a pessoa agraciada fez alguma coisa para merecer. Apesar da irrelevância, a disputa em torno das homenagens tem sido mais discutida na Assembleia do que os projetos que estão em votação neste final de ano, incluindo os que tratam de reajustes seletivos para servidores públicos.
O pomo da discórdia é a concessão de uma medalha ao líder do MST, João Pedro Stédile, proposta pelo vereador Adão Pretto Filho (PT) e aprovada pela Mesa Diretora. Como cada deputado tem direito a conceder uma medalha do Mérito Farroupilha nos quatro anos de mandato, a tradição da mesa é aprovar sem questionar o mérito.
O deputado Capitão Martim (Republicanos), marinheiro da reserva, passou a colher assinaturas para revogar a homenagem. Como a figura da revogação não está contemplada no regimento interno, o movimento fracassou. O deputado Delegado Zucco, tocado pela mesma indignação do Capitão Martin, resolveu apresentar projeto prevendo que as homenagens sejam submetidas ao plenário.
Como essa pauta também não empolgou as pessoas que têm mais o que fazer, Capitão Martim resolveu apelar uma CPI do MST. A proposta já tem as 19 assinaturas necessárias para a criação de uma CPI que, se for criada, servirá mais como palanque do que como instrumento de uma investigação séria.
Você pode achar que não tem sentido a Assembleia homenagear Stédile, líder de um movimento que invade terras. A direita acha que não tem. O deputado Adão Pretto Filho, que nasceu num assentamento, acha que Stédile é merecedor e que foi a luta do MST que garantiu o avanço da agricultura familiar no Brasil.
Você, que não concorda com o ponto de vista de Pretto, acha que tem sentido a Assembleia conceder a mesma medalha a Eduardo Bolsonaro, aquele que em 2018 disse que para fechar o Supremo Tribunal Federal bastava um jipe e dois soldados? A esquerda acha que não tem, porque ele nada fez pelo Rio Grande do Sul, mas levou a medalha.
Os deputados deveriam se preocupar menos com essas picuinhas e mais com o que faz diferença na vida das pessoas: a reconstrução do Estado, as obras inacabadas (municipais, estaduais e federais), a política de segurança, o desrespeito ao teto salarial, a má qualidade da educação, a saúde pública. Cada um que escolha para quem entregar a medalha que lhe cabe destinar e vida que segue.
Assinaram a CPI do MST
- Capitão Martim (Republicanos)
- Adriana Lara (PL)
- Airton Lima (Podemos)
- Carlos Búrigo (MDB)
- Cláudio Tatsch (PL)
- Delegado Zucco (Republicanos)
- Eliana Bayer (Republicanos)
- Elizandro Sabino (PRD)
- Felipe Camozzato (Novo)
- Gustavo Victorino (Republicanos)
- Joel Wilhelm (PP)
- Kelly Moraes (PL)
- Luciano Silveira (MDB)
- Paparico Bacchi (PL)
- Patrícia Alba (MDB)
- Prof. Claudio Branchieri (Podemos)
- Rafael Braga (MDB)
- Rodrigo Lorenzoni (PL)
- Sergio Peres (Republicanos)