Teve até discurso do ministro de apoio à Reconstrução, Paulo Pimenta, sentado ao lado do governador Eduardo Leite no ato de sanção do Plano Rio Grande. Mais do que uma gentileza protocolar, a foto ilustra o que se espera de personagens encarregados de coordenar as ações de recuperação de um Estado devastado.
Divergências políticas à parte, os gaúchos precisam que Leite e Pimenta demonstrem maturidade para lidar com a situação em que um responde pelo governo estadual e outro pelo governo federal no momento mais desafiador para gestores públicos, empresários e pessoas físicas que precisam do Estado para se levantar.
Pimenta não só foi convidado para a solenidade, como discursou e disse que o momento é de “união e reconstrução”, slogan adotado pelo governo Lula em 2023.
- Todas as questões que o senhor (Leite) nos encaminhou terão absoluta prioridade. Na segunda-feira, o ministro Geraldo Alckmin irá a Caxias e anunciará medidas para as empresas - discursou Pimenta.
O Plano Rio Grande, que terá Pedro Capeluppi como coordenador, contempla todas as frentes que precisam ser atacadas, mas depende de recursos do governo federal que vão além da suspensão do pagamento da dívida por três anos. O governo do presidente Lula tem participação em todas as etapas, até porque a União concentra o maior volume de recursos dos impostos arrecadados no país. As grandes obras de infraestrutura que serão necessárias passam pelos dois governos - parte delas em acordo com os municípios - e pela iniciativa privada. Ninguém conseguirá fazer nada sozinho.
Leite e Pimenta conversam praticamente todos os dias. E tentam, cada um a seu modo, desfazer a ideia de que exista um governo paralelo no Estado.
- Cada um tem seu papel. Estou aqui para ajudar. Esse processo vai muito longe. Estamos no mesmo barco e só conseguiremos atravessar essa tempestade se remarmos para o mesmo lado - disse o ministro à coluna.
Reduzir a ação dos governos estadual e federal à eleição de 2026 é apequenar o debate sobre o que realmente interessa: a reconstrução do Estado, com a recuperação das empresas e a manutenção dos empregos e o socorro a quem perdeu para a enchente o que conquistou ao longo da vida.
Não importa o projeto político de cada um. Os dois não são concorrentes diretos, embora possam, eventualmente, disputar uma cadeira no Senado - e são duas em 2026. Não é hora de pensar em eleição, mas se pensarem é bom saber que ninguém sairá ganhando com o fracasso do plano de reconstrução.