A indicação do deputado Paulo Pimenta para o Ministério Extraordinário da Reconstrução do Rio Grande do Sul tem vantagens e desvantagens - para ele, inclusive.
O primeiro ponto favorável à opção do presidente Lula pelo nome de Pimenta é a intimidade que o ministro tem com o Estado. Nenhum dos outros integrantes do primeiro escalão conhece como ele a situação do Rio Grande do Sul de antes e depois da enchente. Natural de Santa Maria, Pimenta é o único ministro gaúcho e, desde janeiro do ano passado, atua no Palácio do Planalto como uma espécie de embaixador do Rio Grande do Sul.
Em diferentes oportunidades, Lula chamou Pimenta de “governador paralelo”, num sinal de que é ele o seu candidato ao Piratini em 2026. É esse o ponto que pesa contra Pimenta, que será o interlocutor de políticos de todos os partidos, prováveis candidatos que olham para ele de nariz torcido, já imaginando que poderá se beneficiar politicamente das obras do governo federal.
Não é o caso do governador Eduardo Leite, que sequer tem candidato a prefeito em Porto Alegre, e não pode ser candidato a um terceiro mandato, mas seus aliados temem que esse protagonismo de Pimenta acabe por beneficiar os concorrentes do partido na eleição municipal.
Isso é verdade, desde que as promessas saiam do papel. Para o bem e para o mal, Pimenta será a cara do governo Lula no Rio Grande do Sul. Dele será cobrado o cumprimento de tudo o que está sendo prometido. Se alguma coisa não sair como planejado, o cargo que ora parece um trampolim para o Piratini pode ser um golpe de morte na sua carreira política.
Goste-se ou não de Pimenta, o ministro da Reconstrução é ele. Os prefeitos terão de conversar com ele para tratar da reconstrução da infraestrutura, dos projetos de habitação, das demandas nas áreas de saúde e educação.