Se os brigadianos já usassem câmeras acopladas à farda, não seria preciso abrir sindicância para saber com precisão os detalhes do episódio ocorrido sábado (17), no Bairro Rio Branco, em Porto Alegre. Os policiais estão sendo acusados de racismo com base em trechos de vídeos de celular, divulgados nas redes sociais. São cortes que indicam tratamento preconceituoso ao motoboy Everton Henrique Goandete da Silva, 40 anos, que é negro, e foi esfaqueado por um homem branco.
É compreensível a posição do secretário da Segurança, o experiente delegado Sandro Caron, que não quer prejulgar os brigadianos. Há que esperar o resultado da sindicância, para a qual o governador Eduardo Leite pediu o máximo de celeridade. Enquanto não sai o resultado da investigação, dois dos quatro policiais envolvidos no caso foram afastados temporariamente do trabalho nas ruas (vão trabalhar no setor administrativo).
Pelo relato do motoboy, ele e outros colegas ficam sempre nesse ponto da Rua Miguel Tostes esperando chamados para entregar encomendas. O homem que o esfaqueou seria conhecido pelas constantes reclamações contra o fato de os motoboys ficarem aglomerados em frente ao prédio.
Pelos vídeos, os brigadianos chegam ao local e tentam dominar o motoboy, que resiste à tentativa de imobilização, gritando que ele é a vítima. Everton acaba sendo contido e levado no camburão para a delegacia. O agressor também é detido, mas antes sobe até seu apartamento, levando a faca usada na agressão. Câmaras corporais ajudariam a recompor a história sem depender dos vizinhos, mas essa tecnologia ainda não chegou às ruas do Estado.
Equipamentos não passaram em teste
Na licitação realizada em 2023 para a locação de câmeras corporais, a vencedora foi a Motorola, mas os primeiros equipamentos foram reprovados nos testes. Essa foi a explicação dada pelo governador Eduardo Leite para o fato de os policiais ainda não estarem usando as câmeras acopladas ao uniforme.
Os testes antecedem a compra de 1,1 mil câmeras que serão usadas inicialmente nas fardas de policiais civis e militares da Capital e Região Metropolitana.
Com a desqualificação da Motorola, foi convocada a Advanta Sistemas de Telecomunicações e Serviços de Informática Ltda.