Conforme avançam as negociações para o ingresso do Progressistas (PP) e do Republicanos no governo Lula, aumenta o constrangimento dos parlamentares desses partidos que se elegeram com discurso na maioria das vezes furioso de oposição ao PT, como foi o caso dos representantes do Rio Grande do Sul. A entrada do centrão no governo acabou por desfigurar alguns dos principais partidos de direita.
Tanto os eleitos pelo PP quanto a maioria dos parlamentares do Republicanos querem distância do governo e já se preparam para abrir uma dissidência. O governo sabe que não contará com os votos desse grupo, mas entregará ministérios porque quer garantir, em votações futuras, o apoio que recebeu em projetos apreciados no primeiro semestre.
A começar pelo general Hamilton Mourão, senador eleito pelo Republicanos em 2022, o desconforto é generalizado. Mourão só se elegeu porque encarnou a figura do opositor ao ex-governador Olívio Dutra, que teria vencido se não fosse o "voto útil" dos eleitores de direita, que abandonaram Ana Amélia Lemos (PSD) e Comandante Nádia (PP) — a vereadora renunciou às vésperas da eleição.
O senador Luis Carlos Heinze (PP) passou os últimos quatro anos combatendo o petismo e agora vê o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), se aproximar do governo.
No Republicanos, o deputado Luciano Zucco ameaça trocar de partido, se conseguir uma espécie de carta de alforria, porque não quer correr o risco de perder o mandato. Mesmo que consiga a autorização, tem poucas alternativas, já que restarão o Novo e o PL sem cargos no governo.
Franciane Bayer também não tem proximidade com o governo. Só o deputado Carlos Gomes não demonstra desconforto em votar com o governo. O Republicanos é o partido do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, e da senadora Damares Alves (DF).
Dos deputados eleitos pelo PP gaúcho, nenhum é alinhado com o governo Lula, mas nenhum cogita sair do partido. São eles: Covatti Filho, futuro presidente estadual, Afonso Hamm e Pedro Westphalen.
ALIÁS
A participação no governo Lula deve pautar as conversas na convenção do PP no Rio Grande do Sul, com a vinda de caciques que não compactuam com as negociações encaminhadas por Arthur Lira. O PP gaúcho está acostumado a não se alinhar com os líderes nacionais, como ocorreu com Paulo Maluf, que era persona non grata no Rio Grande do Sul quando presidia o partido.