Quem diria? Marcel Van Hattem (Novo), Afonso Hamm (PP), Bibo Nunes (PL), Mauricio Marcon (Podemos) e Fernanda Melchionna (PSOL) votaram em sintonia no projeto da nova âncora fiscal.
Não foram os únicos que chamaram a atenção por terem profundas divergências ideológicas e votarem alinhados. Entre os que votaram a favor do projeto, acompanhando a bancada do PT, estão Franciane Bayer (Republicanos), Alceu Moreira (MDB) e Carlos Gomes (Republicanos), que na eleição estiveram ao lado do então presidente Jair Bolsonaro.
Aprovado com 372 votos favoráveis e 108 contrários, o projeto partiu a bancada gaúcha ao meio: 15 a favor, 14 contra e dois ausentes (confira a lista ao final).
A deputada Any Ortiz (Cidadania) está em licença médica e o deputado Heitor Schuch (PSB) justificou a ausência mostrando que estava em Santa Cruz do Sul, participando de painel organizado pelo Grupo Gazeta sobre os desafios da indústria.
O resultado da votação confirmou o levantamento feito na segunda-feira pelo repórter Bruno Pancot: 11 estavam decididos a votar a favor e 10 contra. Os que naquele dia se declararam indecisos, acabaram se dividindo. De um modo geral, os que votaram contra se dizem favoráveis à regra atual, do teto de gastos. Os que votaram a favor sustentam que o projeto é necessário para que os agentes econômicos retomem a confiança no país.
Melchionna, que se declara independente em relação ao governo, apoiou a eleição de Lula e costuma votar alinhada ao Planalto, mas votou contra a urgência do arcabouço fiscal e contra o mérito do projeto.
— É um novo texto de gastos, que mantém a lógica do ajuste nas áreas sociais e coloca como prioridade do orçamento o pagamento aos parasitas do sistema financeiro — avalia a deputada.
Crítico do governo Lula, Van Hattem diz que preferia a regra atual, do teto de gastos. E que se a nova âncora proposta pelo ministro Fernnado Haddad tivesse sido rejeitada, voltaria a valer o teto criado no governo de Michel Temer:
— Não é demais lembrar que foi o teto que salvou e resgatou o Brasil da recessão pós-governo Dilma. Fiquei assustado ao perceber ontem no plenário que muitos colegas não sabiam que o teto é a regra fiscal vigente e permanecerá como tal se o arcabouço não for sancionado. Colou a narrativa de que sem arcabouço o Brasil fica sem nada, mas não é isso que diz a PEC da Transição aprovada no final do ano passado.
O deputado Afonso Hamm é outro que justifica o voto "não" com o argumento de que é a favor do teto de gastos:
— Votei com muita consciência. No artigo 7º o projeto exime o governo de responder pelo descumprimento de metas de resultado primário. Isso é absurdo. Por essas razões, estou muito embasado na minha decisão.
Como votaram os deputados gaúchos:
A favor:
- Afonso Motta (PDT)
- Alceu Moreira (MDB)
- Alexandre Lindenmeyer (PT)
- Bohn Gass (PT)
- Carlos Gomes (Republicanos)
- Daiana Santos (PCdoB)
- Denise Pessôa (PT)
- Franciane Bayer (Republicanos)
- Luciano Azevedo (PSD)
- Luiz Carlos Busato (União)
- Márcio Biolchi (MDB)
- Marcon (PT)
- Maria do Rosário (PT)
- Pompeo de Mattos (PDT)
- Reginete Bispo (PT)
Contra:
- Afonso Hamm (PP)
- Bibo Nunes (PL)
- Covatti Filho (PP)
- Daniel Trzeciak (PSDB)
- Fernanda Melchionna (PSOL)
- Giovani Cherini (PL)
- Lucas Redecker (PSDB)
- Marcel van Hattem (NOVO)
- Marcelo Moraes (PL)
- Mauricio Marcon (Podemos)
- Osmar Terra (MDB)
- Pedro Westphalen (PP)
- Sanderson (PL)
- Tenente Coronel Zucco (Republicanos)
Ausentes:
- Heitor Schuch (PSB)
- Any Ortiz (Cidadania)