Teve música, oração, tietagem e críticas à imprensa na homenagem ao ex-presidente Jair Bolsonaro organizada pelo grupo Yes Brazil USA na noite desta terça-feira (31), em Orlando, na Flórida. Admiradores de Bolsonaro, que pagaram entre US$ 10 e US$ 50 pelo ingresso para assistir à homenagem lotaram a casa de eventos Legend, alguns usando camisetas da Seleção brasileira, outros enrolados na bandeira do Brasil.
No evento, Bolsonaro defendeu a candidatura do senador Rogério Marinho (PL-RN), disse que o atual governo "não dura muito tempo" e criticou "injustiças" que estariam ocorrendo após os atos golpistas de 8 de janeiro.
Na chegada, sem ninguém da família presente, Bolsonaro tirou fotos com os fãs e ouviu o apresentador avisar, em português, que aquele evento não era político e que o presidente não daria entrevistas.
Em seguida, tocou o hino nacional brasileiro, uma pastora da igreja Clama Orlando fez uma oração e começou a homenagem propriamente dita. Antes das apresentações musicais foi exibido um vídeo da Yes Brazil, grupo que organizava as motociatas de Bolsonaro nos Estados Unidos, chamando a imprensa de vagabunda.
Líderes do grupo anunciaram que haverá um encontro de Bolsonaro para europeus e que essa reunião terá “adoradores” do mundo todo em Orlando. Nas redes sociais, o filho Carlos Bolsonaro anunciou para sexta-feira um encontro com simpatizantes em Miami.
Um cantor apresentado como Jimmy Levy cantou uma música com o título Welcome to the Revolution. A letra diz: “We will not comply with the institutions. Welcome to the revolution” (Nós não vamos obedecer às instituições. Bem-vindo à revolução).
Passava das 22h quando Bolsonaro começou a falar. Disse que está há 32 dias na Flórida e que não há nenhum lugar como o Brasil. O público respondeu: “Fica, fica, fica”. Prosseguiu dizendo que seus aliados estão trabalhando “para reverter o que está acontecendo no Brasil”, questionou o resultado da eleição e acrescentou que “o governo atual está sozinho”. Fez críticas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ao presidente Lula, a quem acusou de estar fazendo balcão de negócios com o ministério.
A frase seguinte sugere que a reversão seria a eleição de Rogério Marinho (PL-RN) para a presidência do Senado. Disse que a quarta-feira é um dia muito importante para restabelecer a normalidade com a eleição do presidente do Senado.
O resto do discurso foi de autolouvação. Bolsonaro disse que montou a melhor equipe ministerial da história, que em 2020 não teve desemprego formal no Brasil e que o pix foi uma revolução na economia.
— A imprensa está aqui esperando uma frase minha para fazer tumulto amanhã. Não terão esse prazer. A mídia social me elegeu em 2018 — discursou.
Em seguida, voltou ao tema da eleição do Senado. Disse que o que está em jogo é a liberdade e que os brasileiros que vivem nos Estados Unidos gostariam de voltar ao Brasil, mas não voltam por medo de perder a liberdade.
Referindo-se aos atos de 8 de janeiro, Bolsonaro disse que a invasão do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso não foi terrorismo. Que foram “uns inconsequentes” que promoveram as depredações e que “tem muita injustiça acontecendo”. Perto do final, vaticinou que o atual governo “não vai durar muito tempo”. Disse que está com saudade do Brasil, mas vai ficar nos Estados Unidos por algum tempo.
Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente João Figueiredo, recentemente demitido da Jovem Pan, perguntou se ele será candidato em 2026. Bolsonaro respondeu que continua na ativa e pretende continuar.