Já tem data o desembarque na Assembleia dos projetos do governo Eduardo Leite visando reformulação de secretarias e um novo plano de cargos e salários. Em reunião com o presidente da Casa, Valdeci de Oliveira (PT), o chefe da Casa Civil, Artur Lemos, informou que pretende protocolar as iniciativas em 14 de dezembro. O objetivo é levar à votação nas últimas sessões do ano, entre 20 e 22 de dezembro.
Leite tenta costurar acordo em torno da data para evitar a necessidade de fazer uma convocação extraordinária. Caso não seja possível, os deputados teriam que interromper o recesso para votar entre o Natal e o Ano-Novo. Por enquanto, há boa vontade de todos os partidos.
Aos cuidados de Hiparcio Stoffel, diretor-geral do Escritório de Desenvolvimento de Projetos do RS, a nova configuração de governo é mantida em sigilo. Apenas Stoffel e o secretário de Planejamento e Gestão, Cláudio Gastal, conhecem detalhes do organograma. Leite tem dado as diretrizes da estrutura e o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, faz a configuração jurídica.
Além da fusão e desmembramento de pastas, eles trabalham em uma revisão geral de postos e vencimentos. O objetivo de Leite é garantir salários mais atrativos para os diretores de secretarias e criar a figura do secretário-adjunto, com salário próximo ao do titular. Hoje, um secretário ganha R$ 23,3 mil enquanto seu subordinado direto recebe entre R$ 5 mil e R$ 15 mil, conforme a pasta.
Nas negociações com a Assembleia, viceja também um reajuste nos salários do governador e do vice, dos secretários e dos deputados. Como se trata de prerrogativa exclusiva dos parlamentares, é preciso que o projeto seja de autoria da Mesa Diretora. Por enquanto, se fala em uma correção em torno de 7%, similar a que foi dada aos servidores da Casa. Todavia, há quem advogue um índice maior, aproximando o salário do governador, atualmente em R$ 25,3 mil, da pensão dos ex-inquilinos do Piratini, que recebem R$ 30,4 mil.
O protagonismo de Gabriel
Aos poucos, Gabriel Souza vai se consolidando como principal líder do MDB no Estado. Batalha após batalha, desde a cisão interna durante a escolha do candidato ao Piratini e, depois, na adesão a Eduardo Leite, o futuro vice-governador acumula vitórias e sedimenta sua influência. Neste sábado (3), ele se consagrou durante o 18º Acampamento da Juventude do MDB, em Tramandaí. Jogando em casa e falando para a própria torcida, Gabriel foi incisivo na defesa de pautas inclusivas, como a defesa da liberdade econômica das mulheres e a qualificação profissional dos jovens.
Diante de 300 militantes, fez questão de registrar sua contrariedade com a postura golpista de integrantes da velha guarda do partido. Num claro recado a Luís Roberto Ponte, que escreveu a nota sediciosa da Sociedade de Engenharia do RS, Gabriel vestiu uma camiseta estampada com a palavra “Democracia”. Ele havia ganho a peça da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade, entidade dedicada ao aprimoramento da política e formação de novos líderes, na qual é um dos expoentes no Estado.
— Lutamos pela democracia, respeitamos as minorias, respeitamos as divergências e, especialmente, respeitamos o Estado democrático de Direito — afirmou.
Tríptico
O quadro do futuro secretariado de Eduardo Leite será dividido em três painéis. Um deles já foi pintado e tem a estampa dos que ficam. O segundo será de autoria exclusiva de Leite, com tintas técnicas para áreas que precisam de reforço. O terceiro é uma obra coletiva, com cada partido da base dando suas pinceladas. O desafio é fazer ficar bonito e funcional.
Atualizando o LinkedIn
As indicações dos partidos para o primeiro escalão seguirão a velha lógica de nomear deputados para abrir espaços para os suplentes. No PP, por exemplo, a prioridade é garantir mandato na Assembleia para Issur Koch e, na Câmara, para Sergio Turra.
Porta-giratória
Responsável pela aprovação de 242 projetos do Piratini em três anos e meio da gestão Eduardo Leite, sem nenhuma derrota no período, Frederico Antunes (PP) deve reassumir a liderança do governo na Assembleia a partir de fevereiro.
Mosaico
No MDB, a bancada tenta frear o ímpeto de Juvir Costella, que deseja ser presidente da Assembleia e secretário de Transportes. Ou um, ou outro, ouviu dos colegas. Beto Fantinel e Vilmar Zanchin são os nomes da bancada para o secretariado. Sem mandato a partir de fevereiro, Giovani Feltes deve ir para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, hoje ocupada por Joel Maraschin, seu ex-assessor.
Rodízio
Os partidos chegaram a um acordo na Assembleia para definir quais siglas irão presidir a Casa na próxima legislatura. Nove fora PT, PP e MDB, as três maiores bancadas, havia dúvida quem completaria o grupo, pois Republicanos, PL, PSDB elegeram cinco deputados cada um. O critério escolhido foi o de maior votação, dando a primazia ao Republicanos.
Joquempô
Sergio Peres deve ser o indicado do Republicanos à presidência da Assembleia, mas Gustavo Vicorino quer usar o status de deputado mais votado para pleitear o cargo.
Sucessão
Falta definir a ordem dos mandatos. Por enquanto, há apenas a disposição do MDB de presidir a Casa já em 2023. O PT quer fugir do último ano, pelas limitações impostas em ano eleitoral.
Flerte
Geraldo Alckmin já avisou a expoentes do agronegócio: Lula não quer briga com ninguém e nada fará para atrapalhar a vida dos grandes proprietários rurais. A bancada ruralista sorriu e piscou de volta, inclusive indicando nomes para a transição. Nessa toada, cresce o nome do senador Carlos Fávaro (PSD-MT) para o Ministério da Agricultura.
Efeito colateral
A escolha por Fávaro esbarra na suplente, Margareth Buzetti. Filiada ao PP, Margareth é bolsonarista e sua posse aumentaria a bancada de oposição no Senado, onde o futuro governo luta para formar maioria.
Esplanada
Após a indicação de Edegar Pretto para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o PT gaúcho foi surpreendido na sexta-feira com a possibilidade de Paulo Pimenta assumir a pasta das Comunicações. Há quem duvide.
Sumido
Quem circulou pela transição, em Brasília, foi Anderson Dorneles. Ex-assessor de Dilma e presidente do Avante, Dorneles é citado pelo MP no esquema que levou ao afastamento de Jairo Jorge da prefeitura de Canoas.
Bumerangue
O PSOL ingressou com representação no Ministério Público Federal pedindo investigação da nota de pendor golpista da Sociedade de Engenharia do RS.