O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Passada a eleição, o ex-governador Pedro Simon defende a reconciliação entre as alas do MDB que se dividiram entre o apoio a Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni (PL). Figura histórica do partido, Simon avalia que o grupo vitorioso que esteve ao lado do tucano deve ter a iniciativa de procurar os derrotados:
— Isso passou, vamos olhar para frente. Os que ganharam têm de ter a grandeza (de buscar o diálogo).
A convenção estadual do MDB decidiu apoiar Leite na disputa ao governo do Estado, indicando o vice Gabriel Souza. Naquela oportunidade, um grupo de emedebistas votou e deixou o evento partidário em sinal de protesto pela decisão da maioria de abrir mão da candidatura própria e dar suporte ao tucano. Com a exceção dos ex-governadores José Ivo Sartori e de Simon, os líderes do MDB que deixaram a convenção são os mesmos que apoiaram Onyx no segundo turno.
Simon não abriu o voto para governador e presidente no segundo turno. Sobre a disputa ao Piratini, o ex-governador afirma que a campanha de Leite "foi bem melhor que a do adversário, que passou muito tempo fora do Rio Grande do Sul". Simon considera que o candidato do PSDB demonstrou maior "competência" para tratar dos assuntos do Estado.
Apesar das conhecidas reservas que guarda em relação a Lula (PT) pelos casos de corrupção que abalaram os governos petistas, Simon acredita que o ex-presidente tem "experiência" e, dependendo das pessoas que escolher para os ministérios, tem "condições de fazer um grande governo". Por outro lado, o ex-governador vê com pessimismo o grande número de partidos com representação na Câmara.
O emedebista diz que Simone Tebet (MDB-MS) "é um grande nome" para compor o gabinete de Lula, mas evita opinar sobre a participação da senadora no futuro governo. Simon afirma que uma eventual adesão do MDB não pode ser condicionada ao toma lá, dá cá:
— (Lula) tem carimbo, tem experiência. O vice dele (Geraldo Alckmin) teve importância, somou muito. Hoje o Brasil está no chão. O sentimento é de mágoa, tristeza, não foi uma vitória espetacular. Foi dura. Tem que fazer um chamamento geral, fazer um entendimento.
Simon diz que a eleição foi decidida "no detalhe" e destaca dois fatos que podem ter pesado contra o presidente Jair Bolsonaro: a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que disparou mais de 50 vezes e jogou granadas contra policiais federais, e a ação da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que perseguiu um apoiador do PT com uma arma na região central de São Paulo no último sábado (29).