Em depoimento prestado à Polícia Federal (PF) após ser preso no domingo (23), o ex-deputado Roberto Jefferson afirmou que deu cerca de 50 tiros de fuzil em uma viatura e jogou três granadas contra a equipe que foi até casa dele — uma atrás do veículo da corporação, quando os policiais saíram, e uma dentro da residência para assustar o agente que estava no local.
O ex-presidente do PTB alegou que os dispositivos eram de efeito moral. Além disso, sustentou que "não atirou para machucar".
— Se quisesse, matava os policiais, pois estava em posição superior e com fuzil de mira — disse.
Apesar das alegações de Jefferson, a avaliação da PF é a de que o ex-deputado minimamente aceitou o risco de matar os agentes ao disparar mais de 50 vezes e lançar as granadas contra a equipe que foi até Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro, para cumprir mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF chega a citar motivação torpe de Jefferson, em razão de o político ter externado que o motivo da reação foi a discordância em relação ao mérito da decisão judicial. O ex-deputado acabou sendo indiciado por quatro tentativas de homicídio, ligadas aos quatro integrantes da equipe da PF que tentaram capturá-lo.
No depoimento à PF, Jefferson narra que, no domingo, estava falando no telefone sentado no quarto quando olhou pela televisão as imagens da câmera do portão da residência, mostrando a chegada de quatro pessoas. Disse ainda que viu a equipe da Polícia Federal de pistola e sem colete e afirmou que a PF, nestas condições, não teria a menor condição de retirar o interrogado do local.
Em seguida, conta, pegou uma granada e disse que não iria se render. Em depoimento, Jefferson narrou ainda que falou aos policiais: "Corre que eu vou jogar em vocês".
Sobre a origem das granadas, Jefferson disse que sempre as teve, tendo comprado os dispositivos no mercado há cerca de cinco anos. O ex-deputado disse que precisava de autorização, mas não tinha, sustentando que sempre esteve ameaçado. Além disso, afirmou que tinha muita munição dos calibres .45, .38, 5x56m, 9mm, .12 e 357mag.
A Polícia Federal apreendeu caixas de balas de grosso calibre na caso do ex-deputado. Também foi confiscado o fuzil que ele usou para atirar nos policiais.
Roberto Jefferson ainda afirmou possuir de 20 a 25 armas, que ficariam em Brasília, no cofre de um hotel do qual era mensalista. Na residência vasculhada pela PF em Levy Gasparian, o ex-deputado mantinha o fuzil e uma pistola 9mm. Jefferson ainda disse à Polícia Federal que efetua em média 500 tiros por semana.