Correção: o vice-presidente Hamilton Mourão passou 17 dias no RS desde a metade de junho, e não 27 como publicado entre 18h10min e 21h07min desta quarta-feira. O texto foi corrigido.
No dia 26 de maio, a coluna publicou um levantamento das viagens do general Hamilton Mourão ao Rio Grande do Sul, na condição de vice-presidente, a partir de abril, quando foi indicado pré-candidato a senador pelo Republicanos, com o título “Mourão viaja como vice-presidente e leva vantagem sobre adversários”. Mais de dois meses se passaram, Mourão foi oficializado candidato no dia 23 de julho e estará de volta ao Rio Grande do Sul nesta quinta-feira (4) para fazer palestra no Sindicato Rural de Cruz Alta. Vem na condição de vice-presidente, com toda a estrutura que o cargo lhe garante — do avião da Força Aérea Brasileira ao esquema de segurança.
De novo, é importante repetir: o vice-presidente não está cometendo uma ilegalidade. Apenas se beneficia de uma legislação falha, que exige de outros ocupantes de cargos no Executivo que se licenciem seis meses antes para disputar um mandato diferente, mas impõe apenas uma restrição ao vice-presidente: ele não pode assumir o mandato do titular. Também é na condição de vice-presidente que sua agenda registra pelo menos oito entrevistas gravadas ou ao vivo para emissoras de rádio e TV, sem contar os contatos diretos nas associações empresariais em que faz palestras.
Entre o início de abril e o fim de maio, Mourão havia passado nove dias no Rio Grande do Sul, em compromissos oficiais. De lá para cá, foram outros 11 eventos, além da convenção do Republicanos, que totalizaram 17 dias entre compromissos e deslocamentos ao território pelo qual será candidato em outubro.
Seus concorrentes não tiveram o mesmo benefício. Ana Amélia Lemos (PSD) precisou deixar o cargo de secretária de Relações Federativas e Institucionais do Rio Grande do Sul em março e viaja às suas expensas ou com as despesas pagas pelo partido. A vereadora Nádia Gerhard (PP) segue no exercício do mandato, mas precisa viajar por conta própria para o Interior ou com os gastos bancados pelo PP. Olívio Dutra (PT) recém entrou na disputa e, portanto, não entra na comparação.
Confira os compromissos de Mourão ao Rio Grande do Sul em junho e julho:
- 16 de junho - Visita à Expobento/Fenavinho - Bento Gonçalves
- 17 de junho - Visita aos tapetes de Corpus Christi - Flores da Cunha
- 18 de junho - Visita à 22ª Fenarroz, em Cachoeira do Sul
- 25 de junho - Abertura do Encontro de Líderes Maçônicos em Porto Alegre
- 29 de junho – Palestra e almoço com o SindTur Serra Gaúcha e abertura do 32º congresso do COSEMS/RS em Gramado
- 9 de julho - Solenidade de entrega de Medalha Farroupilha para a ex-ministra Damares Alves em Porto Alegre
- 12 de julho – Palestra em Almoço na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul e visita às empresas Randon e Marcopolo, em Caxias do Sul
- 23 de julho - Convenção do Republicanos em Porto Alegre
- 28 de julho - Palestra durante Almoço de Ideias da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas
- 29 de julho – Palestra e almoço com entidades comerciais e do agronegócio de Uruguaiana e visita à Santa Casa de Uruguaiana
- 30 de julho - Palestra na Associação e Sindicato Rural de Santana do Livramento e participação no 7º Festival Binacional de Enogastronomia em Santana do Livramento
- 4 de agosto (prevista) - Palestra no Sindicato Rural de Cruz Alta
Ana Amélia e Nádia defendem mudança na lei
Uma das concorrentes do vice-presidente Hamilton Mourão na disputa deste ano, a ex-senadora Ana Amélia Lemos sugere que a lei seja alterada:
— A disputa é desigual. Não é culpa do general Mourão, mas da lei em vigor. Muito se debateu no Congresso sobre o uso da máquina pública em favor do candidato Fernando Henrique Cardoso, quando a PEC da reeleição foi apresentada.
Ana Amélia diz que não dá para ignorar o poder competitivo de um vice-presidente ou vice-governador no cargo, na disputa por uma cadeira no Senado:
— Não são poucos os benefícios. Deslocamentos, estrutura, apoio logístico, cartão corporativo e segurança, pagos pelo contribuinte.
Candidata do PP, Nádia Gerhard também defende mudança na lei:
_ Há uma grande desigualdade de condições de visibilidade, do ponto de vista financeiro e infraestrutura. Se forem levados em conta gastos de um staff que cerca um vice-presidente, como segurança e ambulância, por exemplo, não há a mínima isonomia entre ele e os mais candidatos. Pode ser legal, mas é dinheiro público em favor de uma candidatura. É preciso mudar essa lei e vou trabalhar para isso.
A vereadora diz que, apesar de contar com essa infraestrutura, "o vice-presidente Mourão mostra um grande distanciamento dos gaúchos".