O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
A outrora eficiente articulação política do Palácio Piratini não foi suficiente para vencer a resistência dos deputados ao repasse de recursos do Estado para rodovias federais. Por 26 votos a 25, o projeto de lei que previa um aporte de quase R$ 500 milhões na duplicação e em melhorias na BR-116 e na BR-290 foi rejeitado pela Assembleia Legislativa nesta terça-feira (12).
Na semana passada, o líder do governo, Mateus Wesp (PSDB), dizia para quem quisesse ouvir que já contabilizava o apoio necessário para a aprovação, mas o resultado não se materializou no plenário. O governo precisava apenas de maioria simples, mas a votação terminou empatada em 25 a 25, e coube ao presidente Valdeci Oliveira (PT) dar o voto de minerva que enterrou o projeto.
Para alterar o resultado, apenas um voto adicional em favor do governo seria suficiente. Tudo indicava que seria o de Kelly Moraes (PL), que já havia anunciado posição favorável ao projeto. No entanto, Kelly teve de ir às pressas à Santa Cruz do Sul no início da manhã, ao ser informada do nascimento prematuro de sua neta, Isabela. Com isso, não conseguiu participar da sessão.
Outro que poderia ter desempatado em favor do Piratini, o deputado Gabriel Souza (MDB) não registrou voto. Pré-candidato a governador, Souza estava convencido da importância das obras, mas reivindicava ao menos um pedido ao governo federal para que o valor aplicado pelo Piratini fosse abatido da dívida do Estado com a União.
O líder do governo chegou a apresentar emenda cujo texto mencionava que o governo “postularia” a compensação, mas ela não chegou a ser votada.
Também surpreendeu o posicionamento da ex-secretária da Agricultura Silvana Covatti (PP), que votou contra a iniciativa.
Ao final, prevaleceu o argumento de que, por serem rodovias federais, o investimento deveria partir da União. O governo inclusive convenceu Airton Lima (Podemos), que votaria contra, a se abster, mas o movimento foi insuficiente.
— Foi um empate com gostinho de que poderia ter sido positivo. Conseguimos sensibilizar que efetivamente as obras propostas são estruturantes e importantes — avaliou o chefe da Casa Civil, Artur Lemos.
Aliás
A derrota do Palácio Piratini nesta terça evidenciou a relevância da saída de Frederico Antunes (PP) da liderança do governo. Foi o segundo revés em plenário desde que Antunes entregou o cargo a Wesp.