A decisão de Romildo Bolzan de permanecer na presidência do Grêmio até o final de seu mandato, em dezembro, abre caminho para que o ex-deputado Vieira da Cunha seja escolhido candidato a governador. Procurador do Ministério Público Estadual, Vieira se licenciou no início de abril para não ficar inelegível. Sua intenção era integrar a chapa majoritária, como candidato ao Senado ou a vice, mas a desistência de Romildo o transformou em sucessor natural do cunhado.
— Eu preferia que Romildo fosse o nosso candidato, mas temos de respeitar a decisão e o momento dele. O que não podia era continuar a indefinição por mais tempo — disse Vieira à coluna.
Na próxima terça-feira (17), a executiva estadual vai se reunir para discutir a candidatura de Vieira. Enquanto isso, o partido segue conversando com potenciais aliados e até aceitaria indicar o vice de outro candidato, mas a eleição presidencial dificulta uma aliança, já que a condição do PDT é que o aliado apoie Ciro Gomes para presidente.
O PDT não pode dizer que foi surpreendido pelo anúncio de Romildo de continuar no Grêmio. Nos últimos dias, ele vinha dando sinais de que ficaria no clube, até para não abandonar o barco em momento de turbulência. A deputada Juliana Brizola chegou a acreditar que Romildo seria candidato no momento em que ele aceitou gravar um vídeo com as mulheres do PDT para o programa eleitoral, na semana passada, mas naquele dia o presidente do Grêmio disse à coluna que a cada dia que passava a candidatura ficava mais distante.
Entre idas e vidas, cada gesto de Romildo fazia aumentar ou diminuir a esperança na candidatura. Um telefonema para o deputado Eduardo Loureiro, sugerindo que marcasse posição contra a adesão ao regime de recuperação fiscal e combinasse uma visita ao presidente da OAB, Leonardo Lamachia, animou os trabalhistas.
Pressionado pela torcida e cobrado pela imprensa esportiva, Romildo optou por antecipar o anúncio que pretendia fazer apenas em meados de junho. A opção foi coerente e levou em conta a lógica eleitoral: com o Grêmio na Segunda Divisão, com resultados que indicam dificuldades para retornar à primeira, suas chances de chegar ao segundo turno eram remotas. Livre das cobranças para assumir a candidatura, poderá dedicar todo o tempo ao clube que comanda pelo terceiro mandato consecutivo.