No mesmo dia em que seus partidos decidiram que formarão uma chapa de consenso para disputar a eleição presidencial, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) e a senadora Simone Tebet (MDB) tiveram uma longa conversa no gabinete dela em Brasília. Saíram juntos e sorridentes para a entrevista em que trocaram elogios e afagos, minutos depois da divulgação da nota assinada pelos presidentes de União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania anunciando o acordo pela candidatura única.
Primeira a falar, Simone elogiou o desprendimento de Leite, que três dias antes dissera numa entrevista à Rádio Eldorado que poderia ser vice dela ou mesmo não concorrer a nada. Foi depois dessa entrevista que ela o convidou para tomar um café e trocar ideias e impressões.
— Nós fazemos parte de um centro democrático. Neste momento, estamos diante das eleições mais importantes dos últimos 30 anos e nós temos um pacto. Temos histórias de vida muito parecidas e o mesmo propósito, de servir ao Brasil. Saí muito bem impressionada, porque ele disse que é um soldado, não só do partido, mas desse centro democrático.
A senadora disse que “não poderia ficar mais feliz de saber que um jovem talentoso como ele (Leite) tem esse desprendimento e essa capacidade de entender que agora é hora de somar, independentemente de posição que vamos ocupar”. E continuou:
— Eu devolvi para o PSDB a mesma gentileza. Nós estamos movidos pelo mesmo ideal. Aqui não há projeto pessoal e muito menos partidário. O projeto é um projeto a favor do Brasil.
Leite devolveu os elogios a Simone. Disse que a conversa com a senadora é daquelas que o motivam como cidadão, por saber que é possível fazer política sentando e conversando sobre projetos e sobre expectativas para o país e sobre as agendas prioritárias:
— A forma de enfrentar politicamente isso vai ser definida junto com os partidos, de forma estratégica, para quebrar essa polarização. Acima de tudo a gente discute trazer o país para a discussão de uma agenda do século 21.
O ex-governador disse que as candidaturas de Lula e do presidente Jair Bolsonaro têm uma postura destrutiva, uma em relação à outra, e pouco se debate o que pretendem construir.
— Eu e a Simone estamos na mesma vibe, na mesma sintonia — disse Leite.
Em relação à definição de quem será o candidato desse grupo, o ex-governador repetiu o discurso de Simone de que quem vai decidir são os partidos. Acrescentou “a sociedade civil, através de suas lideranças”:
— A gente vai definir nesta eleição se vai aprofundar a divisão na qual o Brasil se meteu ao longo dos últimos tempos ou se nós vamos procurar cicatrizar a ferida e ver o país junto novamente, respeitando as diferenças que temos. Ninguém vai conseguir uma convergência absoluta, mas é importante trazer de volta aquela política que respeita as divergências e dá espaço para o contraditório e aceita a contestação.
Leite emendou um discurso de campanha e Simone arrematou com fortes críticas, sem citar nomes, às candidaturas de Lula e Bolsonaro.