Se nenhum terremoto político ocorrer nos próximos 40 dias, quatro partidos autodenominados “do centro democrático” e mais algum que a eles deseje se associar lançarão uma candidatura única à Presidência da República. O acordo foi selado nesta quarta-feira (6) pelos presidentes do União Brasil (UB), Luciano Bivar, do MDB, Baleia Rossi, do PSDB, Bruno Araújo, e do Cidadania, Roberto Freire.
Reunidos em Brasília tendo Bivar como anfitrião, os quatro avaliaram o quadro nacional e concluíram que, separados, estão fadados ao fracasso. Por isso, conclamaram “outras forças democráticas” para que possam se incorporar ao projeto definido como “em defesa do Brasil e de todos os brasileiros”. O MDB entra no jogo com a senadora Simone Tebet. O PSDB e o Cidadania, que formam uma federação, têm João Doria como vencedor da prévia tucana, mas trabalham pelo ex-governador Eduardo Leite. No dia 14, o União Brasil informará aos parceiros quem é a sua aposta.
O ex-juiz Sergio Moro está filiado ao UB, mas líderes do partido já emitiram nota e deram entrevistas dizendo que o papel a ele reservado é de candidato a deputado federal por São Paulo e que a Presidência está fora de cogitação. Como na política brasileira a palavra de hoje pode ser o borrão de amanhã, somente no dia 14 se saberá se Moro saiu mesmo do páreo ou se será reapresentado para avaliação dos aliados.
Não está claro qual será o critério usado para a escolha do candidato de consenso. Pelas declarações da senadora Simone Tebet, não será a pesquisa quantitativa, porque ela retrata o momento sem se aprofundar no potencial de cada candidato. O mais provável é que se somem avaliações políticas da capacidade de agregação de cada um a pesquisas qualitativas em que eleitores são ouvidos com técnicas capazes de extrair conclusões que escapam às perguntas óbvias como “se a eleição fosse e hoje os candidatos fossem esses, em quem você votaria?” ou “em qual destes candidatos você não votaria de jeito nenhum?”.
Nas pesquisas qualitativas, uma espécie de conversa informal sobre política, mas monitorada por trás do espelho por analistas altamente preparados, o eleitor é confrontado com declarações dos potenciais candidatos e dos adversários, vídeos antigos e recentes, problemas que podem subtrair votos. De posse dos resultados dessas sondagens, os dirigentes partidários sentarão à mesa para definir quem vai para a campanha. Se João Doria não passar nesse teste, e hoje não passaria, é nesse momento que será excluído pelo conjunto dos partidos, retirando do PSDB o peso da responsabilidade por mandar pelos ares é prévia da qual foi o vencedor.
Esse candidato ou candidata terá tempo de rádio e TV, recursos abundantes de campanha, equipes preparadas para elaboração do plano de governo, capilaridade no interior do Brasil e a simpatia de uma gorda fatia do empresariado.
ALIÁS
Pelo andar da carruagem, hoje a dupla mais provável para representar a candidatura de consenso é a formada por Simone Tebet e Eduardo Leite, sendo que qualquer um dos dois poderá estar na cabeça ou na cabeça ou ser vice.