Foi um baque para o governador Eduardo Leite a declaração do presidente Fernando Henrique Cardoso de que votará em João Doria na prévia presidencial do PSDB, marcada para 28 de novembro. FHC foi um dos estimuladores da candidatura de Leite, deu sinais de que o apoiaria e justo no momento em que ele começa a aparecer nas pesquisas — com índice baixo (4%), mas praticamente igual ao de Doria (5%) no levantamento XP/Ipespe — declarou apoio ao adversário.
—As prévias não excluem ninguém. Escolhem. Eu já disse que vou escolher o João. Por que? Não só porque eu sou de São Paulo e ele é de São Paulo. Ele veio da Bahia, eu vim do Rio. Não, não. É porque é bom para o Brasil (…). O Doria representa o Brasil do futuro. O governo de São Paulo foi a maior vitória do PSDB — disse o ex-presidente, em vídeo.
O PSDB tem outros dois candidatos à prévia, o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (AM). No próprio partido, a impressão é de que Jereissati não irá até o fim. Antes, a aposta era de que sairia para apoiar Leite. Agora, com a guinada de Fernando Henrique, ninguém mais tem certeza de nada.
FHC já havia dado a letra na reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, quando disse, em referência a Doria.
— Ele é candidato à Presidência e tem meu voto.
Essa declaração foi interpretada pelos partidários de Leite — com certa licença poética — como sendo “se vencer a prévia do PSDB ele será o candidato e terá meu voto”. Mas FHC não usou condicionantes. Como a mensagem não foi bem entendida, nesta quarta-feira, o governador de São Paulo foi ao encontro do ex-presidente e saiu com um troféu na mão: uma mensagem em vídeo, na qual FHC diz que votará nele porque Doria representa “o Brasil do futuro”.
Surpreso com o apoio, Leite tentou minimizar o impacto. Ao jornal O Globo, declarou:
— O presidente Fernando Henrique é muito bom, mas não é infalível. Já havia se equivocado ao declarar voto em Lula. Tem o seu voto igual como qualquer militante do PSDB e está no seu direito de escolher o seu candidato e de se equivocar quantas vezes quiser.
O comportamento de Fernando Henrique tem sido um tanto errático. Na semana passada, convidou Leite para um jantar em seu apartamento e escolheu a dedo os convidados. Em novembro do ano passado, disse que Doria não estava pronto para ser candidato a presidente em 2022.
— O Brasil é muito diverso, não adianta você pensar que vamos pegar uma pessoa que é do meu partido e acho que pode ser candidato. O Doria vai ter que se nacionalizar. Ele tem uma vantagem, os pais são da Bahia. Ele vai ter que 'baianizar', 'cariocar', 'gauchar', enfim, se é para expressar um sentimento nacional, você não pode ser de uma parte só, tem que atender essa diversidade do país — declarou, em entrevista ao portal UOL.
O que ocorreu de lá para cá? Doria tornou-se mais combativo no enfrentamento com o presidente Jair Bolsonaro, mas não conseguiu decolar nas pesquisas. Em todas, aparece abaixo de Ciro Gomes (PDT) e do ex-juiz Sergio Moro (sem partido).
— Creio que o entendimento dele passa pelo colégio eleitoral de São Paulo. É a única explicação plausível pra mim. Esqueceu de avaliar a rejeição do próprio Doria em São Paulo — diz o presidente do PSDB gaúcho Lucas Redecker.
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