Em meio à ofensiva do presidente da República, Jair Bolsonaro, contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), governadores de 14 Estados emitiram uma nota conjunta em solidariedade aos magistrados e às famílias deles pelo que chamam de "constantes ameaças e agressões". Não há no documento, contudo, uma citação nominal ao chefe do Planalto.
"O Estado Democrático de Direito só existe com Judiciário independente, livre para decidir de acordo com a Constituição e com as leis", diz a nota, assinada, por exemplo, pelos presidenciáveis tucanos João Doria, governador de São Paulo, e Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.
"No âmbito dos nossos Estados, tudo faremos para ajudar a preservar a dignidade e a integridade do Poder Judiciário. Renovamos o chamamento à serenidade e à paz que a nossa Nação tanto necessita", acrescenta.
Também são signatários os governadores Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo; Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal; e Waldez Goés (PDT), do Amapá.
Além deles, todos os governadores do Nordeste assinaram o documento. São eles: Rui Costa (PT), da Bahia; Flávio Dino (PSB), do Maranhão; Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco; Camilo Santana (PT), do Ceará; João Azevedo (Cidadania), da Paraíba; Wellington Dias (PT), do Piauí; Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte; Belivaldo Chagas (PSD), de Sergipe; e Renan Filho (MDB), de Alagoas.
No fim de semana, Bolsonaro afirmou nas redes sociais que vai apresentar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pedidos de impeachment dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso por supostos crimes de responsabilidade.
Os dois magistrados têm sido bastante criticados pelo presidente da República. Moraes autorizou a abertura de inquérito contra o mandatário pelo vazamento de uma investigação sigilosa da Polícia Federal durante live nas redes sociais, e, antes, já havia incluído Bolsonaro no inquérito das fake news.
Já Barroso, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), faz defesa enfática do sistema eleitoral, chamado de fraudulento por Bolsonaro. A proposta da adoção do voto impresso, bandeira do bolsonarismo, acabou derrotada no Congresso Nacional.