A penúltima barreira para a vacinação de adolescentes de 16 a 18 anos com comorbidades contra a covid-19 foi retirada pela Anvisa nesta sexta-feira (28), ao ampliar para 31 dias o prazo em que a vacina da Pfizer pode ficar armazenada em temperatura de 2ºC a 8ºC. Agora, depende apenas da vontade política das autoridades sanitárias incluir no grupo prioritário essa fatia da população que sofre com doenças crônicas e é considerada de alto risco para o coronavírus.
Na quarta-feira (26), ao saber da demanda das mães que integram o Instituto Abrace, a secretária estadual da Saúde entrou em contato com a coordenadora geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fantinato, pedindo a inclusão dos adolescentes no grupo prioritário. Francieli respondeu que o atendimento desse pedido dependia da possibilidade de a vacina da Pfizer, única autorizada para pessoas entre 16 e 18 anos, chegar a todos os municípios brasileiros.
Essa condição era inalcançável até então, porque o imunizante chega ao Brasil congelado e precisa ser mantido em ultrafreezers, com temperatura de 70 graus negativos. Depois de descongeladas, as doses podiam ficar armazenadas em temperatura de 2º a 8ºC por no máximo cinco dias. As agências reguladoras da Europa e dos Estados Unidos também estenderam o prazo para um mês.
No início, a vacina da Pfizer foi encaminhada apenas para as capitais. Agora, pode ser distribuída a todos os municípios, para públicos específicos, caso de grávidas e mulheres que deram á luz há menos de 45 dias, as puérperas. Não tem sentido, portanto, deixar fora do plano de vacinação jovens que padecem de doenças graves e só não foram imunizados porque ainda não têm 18 anos.
Estudo publicado na quinta-feira (30) no Jornal New England Journal of Medicine demonstra segurança e eficácia da vacina da Pfizer em adolescentes de 12 a 15 anos. O estudo concluiu que “a vacina BNT162b2 em receptores de 12 a 15 anos de idade teve um perfil de segurança favorável, produziu uma resposta imunológica maior do que em adultos jovens e foi altamente eficaz contra Covid-19”.
O ex-secretário de Vigilância em Saúde Wanderson Oliveira, da equipe do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, sugere que o governo reserve as vacinas da Pfizer para este público, pelo menos para quem tem comorbidades, e use a AstraZeneca e a Coronavac para a população em geral e para os adultos com comorbidades.
— Até quando vamos continuar usando um plano de influenza para vacinar covid? — questiona Wanderson, um dos maiores especialistas do Brasil em vacinação, e que há oito semanas vem defendendo a tese sem que o Ministério da Saúde lhe dê atenção.
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