Os critérios para organizar a fila das pessoas com comorbidades, próximo grupo a ser vacinado contra o coronavírus no Rio Grande do Sul, serão pactuados nesta quinta-feira (28) na Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que reúne representantes do Estado e das secretarias municipais de Saúde. A baliza é a nota técnica do Ministério da Saúde, que definiu duas fases para a vacinação do grupo das comorbidades, mas tudo vai depender da quantidade de doses encaminhadas a cada município.
Nesta primeira fase estão doentes renais crônicos de 18 a 59 anos, que fazem diálise, pessoas com Síndrome de Down (a partir dos 18 anos), gestantes de alto risco e puérperas com mais de 18 anos, pessoas com deficiência permanente que tenham entre 55 e 59 anos, cadastradas no programa Benefício de Prestação Continuada, e pessoas com outras comorbidades listadas pelo Ministério da Saúde, na faixa de 55 a 59 anos. Na categoria “outras comorbidades” estão, por exemplo, diabéticos, cardíacos e hipertensos.
— Nada impede que esses grupos sejam vacinados simultaneamente. Depende de cada município e do quantitativo de doses entregues pelo Ministério da Saúde — adianta a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann.
Como os próximos lotes de CoronaVac serão destinados exclusivamente à segunda dose, as pessoas com comorbidades serão vacinadas inicialmente com a Oxford/AstraZeneca. Nas capitais, também serão aplicadas as vacinas da Pfizer, que exigem refrigeração especial. O primeiro lote será entregue ao Ministério da Saúde nesta quinta-feira.
Como o Interior não receberá nada da Pfizer neste primeiro momento, a Secretaria Estadual da Saúde terá de montar a equação que garanta a proporcionalidade. Nesta sexta-feira, o Rio Grande do Sul receberá 353.750 doses de AstraZeneca e 7.200 de CoronaVac.
Comorbidades previstas
A lista a seguir traz definições resumidas para 22 categorias de comorbidades que servem de referência para a priorização da imunização contra o coronavírus. Algumas definições envolvem conceitos técnicos que podem ser esclarecidos pelos pacientes diretamente com seu médico.
1. Diabetes: pessoas com diabetes mellitus
2. Pneumopatias crônicas graves: inclui doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose cística, fibroses pulmonares, pneumoconioses, displasia broncopulmonar e asma grave (uso recorrente de corticoides sistêmicos ou internação prévia por crise asmática).
3. Hipertensão Arterial Resistente (HAR): quando a pressão arterial permanece acima das metas recomendadas com o uso de três ou mais anti-hipertensivos de diferentes classes, em doses máximas preconizadas e toleradas, administradas com frequência, dosagem apropriada e comprovada adesão ou pressão arterial controlada com uso de quatro ou mais anti-hipertensivos.
4. Hipertensão arterial estágio 3: pressão arterial sistólica igual ou maior a 180 e/ou diastólica igual ou superior a 110, independentemente da presença de lesão em órgão-alvo (cérebro, coração, vasos sanguíneos, olhos, rins) ou comorbidade.
5. Hipertensão arterial estágios 1 e 2: com lesão em órgão-alvo (cérebro, coração, vasos sanguíneos, olhos, rins) e/ou comorbidade. Pressão sistólica entre 140 e 179 e/ou diastólica entre 90 e 109 na presença de lesão em órgão-alvo e/ou comorbidade.
6. Insuficiência cardíaca: insuficiência com fração de ejeção (capacidade de bombeamento do coração) reduzida, intermediária ou preservada; em estágios B, C ou D, independentemente de classe funcional da New York Heart Association.
7. Cor-pulmonale e Hipertensão pulmonar: cor-pulmonale crônico (problema no ventrículo direito que resulta em distúrbio pulmonar), hipertensão pulmonar primária ou secundária.
8. Cardiopatia hipertensiva: hipertrofia ventricular esquerda ou dilatação, sobrecarga atrial e ventricular, disfunção diastólica e/ou sistólica, lesões em outros órgãos-alvo (cérebro, coração, vasos sanguíneos, olhos, rins).
9. Síndromes coronarianas: síndromes crônicas como Angina Pectoris (estreitamento das artérias que levam sangue ao coração) estável, cardiopatia isquêmica, pós-infarto agudo do miocárdio, entre outras.
10. Valvopatias: lesões de válvula cardíaca com repercussão na circulação do sangue, sintomática ou com comprometimento miocárdico.
11. Miocardiopatias e pericardiopatias: de quaisquer causas ou fenótipos; pericardite crônica; cardiopatia reumática.
12. Doenças da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas: aneurismas, dissecções, hematomas da aorta e demais grandes vasos.
13. Arritmias cardíacas: com relevância clínica e/ou cardiopatia associada.
14. Cardiopatia congênita no adulto: com repercussão na circulação do sangue, crises hipoxêmicas (pouco oxigenação), insuficiência cardíaca, arritmias, comprometimento miocárdico.
15. Próteses valvares e dispositivos cardíacos implantados: portadores de próteses de válvula biológicas ou mecânicas; dispositivos cardíacos implantados (marcapasso, cardiodesfibrilador, ressincronizador, assistência circulatória de média ou longa permanência).
16. Doença cerebrovascular: acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico; ataque isquêmico transitório; demência vascular.
17. Doença renal crônica: estágio 3 ou mais e/ou síndrome nefrótica (conjunto de sinais que caracterizam uma doença renal e evolução crônica).
18. Imunossuprimidos: transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; pessoas vivendo com HIV; doenças reumáticas imunomediadas sistêmicas em atividade e em uso de dose de prednisona ou equivalente superior a 10 mg ao dia ou recebendo pulsoterapia com corticoide e/ou ciclofosfamida; demais indivíduos em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências primárias; pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos seis meses; neoplasias hematológicas.
19. Anemia falciforme: todas as pessoas com a doença.
20. Obesidade mórbida: índice de massa corpórea (IMC) igual ou superior a 40.
21. Síndrome de down: trissomia do cromossomo 21.
22. Cirrose hepática: Child-Pugh (tipo de escore de classificação) A, B ou C.