Considerada uma espécie de bússola por empresários em geral e pelo mercado financeiro em particular, a pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta segunda-feira (5) mostra que a popularidade do presidente Jair Bolsonaro despencou. A avaliação do governo, que vem caindo desde dezembro, desandou de vez e chegou aos níveis do pior momento de 2020, quando caíram em sequência os ministros Luiz Henrique Mandetta, Sergio Moro e Nelson Teich. Hoje, 33% aprovam a maneira como Bolsonaro administra o país e 60% reprovam. Em junho de 2020, a aprovação era de 33% e a reprovação de 58%.
Quando se trata de avaliar o governo, 27% atribuem conceito bom ou ótimo e 48% dizem que é ruim ou péssimo. Em fevereiro de 2019, o índice de bom e ótimo chegava a 40% e o de ruim e péssimo era de 10%. Em junho de 2020, Bolsonaro experimentou o pior momento da série: 50% de ruim e péssimo e 25% de bom e ótimo. Considerando-se a margem de erro, o número é semelhante ao de hoje.
É fácil explicar o derretimento da popularidade de Bolsonaro. O presidente fez uma opção preferencial por governar para a bolha de radicais que o cerca, ignorou o agravamento da pandemia, brigou com governadores e, nos últimos dias, ainda arranjou uma crise com as Forças Armadas. A estratégia de terceirizar para governadores e prefeitos a culpa pelas mortes não colou e a população começou a associar a crise sanitária às ações e omissões do governo.
A rejeição internacional, o olhar crítico do mundo para o Brasil, a crise sanitária combinada com a crise econômica, tudo contribui para o desgaste de um presidente que perdeu o apoio de empresários e de setores médios da sociedade brasileira. A carta dos economistas, assinadas por empresários, ex-ministros e até banqueiros escancarou a erosão.
Bolsonaro também adotou a tática de desqualificar seus potenciais adversários na eleição de 2022. Ainda é cedo para avaliar o impacto dessa perda de popularidade no processo eleitoral, mas a história mostra que. com uma avaliação tão baixa. ninguém conseguiu ser reeleito.
Falta um ano e meio para a eleição e a oposição ainda não está organizada, mas os números de hoje indicam que a possibilidade de ficar fora do segundo turno existe. Para reverter esse quadro, a crise sanitária precisa ser contida e a economia deslanchar, o que é difícil no curto prazo, dada a demora para imunizar a maioria da população e estancar as mortes.
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