A divulgação, pela revista Veja, de uma nota dizendo que o apresentador Luciano Huck já definiu seu roteiro para a corrida presidencial de 2022, incendiou corações e mentes em uma sexta-feira que tinha a vacina como o único assunto a dividir os brasileiros. A nota diz que Huck planeja encerrar seu contrato com a Globo no meio deste ano para, em seguida, filiar-se ao Democratas (DEM) e buscar um vice. O sonho de consumo como parceiro de chapa, escreve o jornalista Robson Bonin, seria o governador Eduardo Leite.
Quais são as chances de uma chapa com esse perfil prosperar? Qualquer coisa que se diga hoje figura no terreno da especulação, mas há lógica no enredo e fatos que dão sentido à narrativa. Antes de avançar para as afinidades entre Huck e Leite, que conversam regularmente e têm discurso semelhante, em defesa de um estado moderno, sem descuidar do social, é preciso dizer que há um obstáculo de peso no caminho da dupla: o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), candidato declarado ao Palácio do Planalto.
Em 30 de novembro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, oráculo dos tucanos, declarou em entrevista ao portal UOL, que “Doria não está pronto para ser candidato em 2022”. Disse que para concorrer a presidente, Doria teria que “se nacionalizar”, porque hoje é conhecido basicamente em São Paulo.
De lá para cá, Doria se “nacionalizou” com o protagonismo na parceria do Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac para produção da vacina. Ao mesmo tempo, acumulou desgastes em São Paulo e virou o alvo preferencial do presidente Jair Bolsonaro.
Fernando Henrique não esconde a simpatia pela dupla Huck e Leite como líderes de um projeto de centro. Ainda que nunca tenha disputado uma eleição, o apresentador é um nome “nacionalizado”, que não precisa ser apresentado quando chega a uma cidade do Norte e do Nordeste. Isso basta para vencer uma eleição? Não, mas conta pontos. Sua esposa, a atriz e apresentadora Angélica, com quem tem três filhos, é quase tão conhecida quanto ele e pode ser um elemento a mais a ser considerado na disputa interna com Doria e na externa com Bolsonaro, que deverá abrir espaço para a primeira-dama, Michelle, no palanque de 2022.
Leite e Huck têm ideias semelhantes sobre gestão pública e, sem alarde, trocam impressões, pessoalmente ou por telefone, com mais frequência do que imaginam os que acompanham a política pelas redes sociais. O governador gaúcho já disse que não será candidato à reeleição e, em outra frente, constrói pontes com o MDB, outro grande partido que não tem um candidato natural. O apoio do PSDB à candidatura de Baleia Rossi à presidência da Câmara é só mais uma peça no tabuleiro.
Contra os dois, pesa a falta de experiência em uma campanha nacional. Leite foi prefeito de Pelotas e é governador. Huck é um milionário que só administrou as próprias empresas e faz sucesso como apresentador, sobretudo nas classes mais populares.
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.