O apresentador de TV Luciano Huck, cotado para disputar a Presidência em 2022, chamou para si nesta segunda-feira (21) o protagonismo em debater e propor medidas para transformações sociais, econômicas e ambientais no país. Em reunião do Conselho Político e Social (Cops) da Associação Comercial de São Paulo da qual o Estadão participou, ele disse querer "mobilizar, liderar e fomentar uma geração".
Huck foi questionado por um integrante do Cops se "tem coragem" de ser candidato a presidente.
— Estou aqui — respondeu, antes de ponderar que, por enquanto, se vê como "cidadão ativo" e dizer que atua sem intenções de poder.
— Eu quero mobilizar, liderar, fomentar uma geração para que a gente participe ativamente das transformações que o Brasil precisa. Ninguém vai entregar isso de graça para a gente — disse Huck em relação a desigualdades sociais no país.
— Sobre a questão da coragem (de se candidatar a presidente), estou aqui, não é?, estou aqui conversando sobre temas que não são óbvios para mim, como energia, reformas. Tenho estômago para ouvir opiniões diversas, para estar em cena num momento tão delicado do país. Neste momento, estou sentado aqui como cidadão ativo, que está no debate público — completou.
O apresentador evitou falar diretamente da próxima eleição presidencial e pediu foco aos temas das cidades em função do pleito deste ano:
— (Não quero) personificar ou "fulanizar", em mim ou outra pessoa, um debate eleitoral majoritário que não está em voga neste momento. Isso mais atrapalha que ajuda, e Brasil afora tem gente mais preocupado com a eleição (de 2022) do que em atender as necessidades das pessoas. Temos neste ano um ciclo eleitoral nas cidades e a política começa nas cidades.
Entusiasta de movimentos de renovação e formação política como o RenovaBR e o Agora!, Huck disse que o caminho para melhorar a situação do país está na política:
— Só o Estado, que é gerido pela política, tem o poder exponencial de transformação. E a política é gerida pelos políticos. Acho importante esta convocação geracional, atrair o que tem de melhor na sociedade civil para chegar perto da política.
Huck afirmou que vê o Brasil sem lideranças que promovam o debate.
— A demonização da política e a não harmonia entre Poderes estão ligadas à questão da liderança. (É preciso) uma liderança que concilie e dialogue, e não que assopre brasa com discursos sectários. Precisamos retomar o diálogo — afirmou.
A participação de Huck na reunião do Cops estava marcada para acontecer em março deste ano, mas foi adiada por causa da pandemia de coronavírus e por isso aconteceu nesta segunda.
"O lugar do Brasil é como a maior potência verde do planeta"
Huck também falou sobre sustentabilidade e defendeu que o Brasil se torne uma nação agroindustrial sustentável, aliando o potencial da agronegócio à preservação ambiental. Para ele, esta é uma forma de atrair investimentos e transformar o País em uma "potência verde".
— O mundo quer investir em economias limpas — disse.
— É uma oportunidade de ouro com o nosso potencial. Precisamos de lideranças que enxerguem com clareza essa oportunidade. O que tem prevalecido nos últimos anos é a visão que endossa o extrativismo predador. A aceleração do desmatamento, a não importância (dada) às queimadas como não as estivéssemos vendo. Essa é a década da bioeconomia, com floresta em pé — completou.
Huck diz ver convergências entre bandeiras do agronegócio e do ativismo ambiental.
— Converso com os dois lados e encontro pontos em comum — afirmou, sem dar exemplos.
— Dá para romper com o litígio. Precisamos romper radicalmente com o debate raso, o litígio entre agricultura e meio ambiente, produção e sustentabilidade — finalizou.