O fato de o PTB não ter formalizado a desistência do candidato José Fortunati impediu o candidato Sebastião Melo (MDB) de capitalizar o apoio, ainda que discreto, do ex-prefeito. Perto do meio-dia, as redes sociais da campanha de Melo divulgaram um vídeo em que Fortunati explica os motivos da renúncia, agradece o apoio que recebeu e pede voto para o ex-vice (os dois governaram Porto Alegre de 2013 a 2016). O vídeo era acompanhado da frase “O 14 agora é 15”, referência aos números do PTB e do MDB.
No início da tarde, o vídeo sumiu das redes de Melo e ficou apenas nas da campanha de Fortunati. O motivo é legal: um candidato não pode aparecer no espaço do adversário, pedindo votos. Fortunati poderia até participar do programa eleitoral de Melo, se a renúncia tivesse sido formalizada na Justiça Eleitoral. Como não foi, para efeitos legais ele segue candidato.
Fortunati deu uma demonstração ímpar de generosidade e de obediência à orientação partidária, mesmo correndo o risco de passar a ideia de que sofre da chamada Síndrome de Estocolmo. Gravou o vídeo pedindo a seus eleitores nos candidatos do PTB para vereador e em Melo, “no 15”, para prefeito:
— Ele foi meu vice, conhece a cidade e está preparado para se prefeito. É hora de união, é hora de colocar Porto Alegre em primeiro lugar — declarou.
Síndrome de Estocolmo é a situação em que a vítima de um sequestro se apaixona pelo sequestrador. Ocorre que a candidatura de Fortunati implodiu porque um candidato a vereador do PRTB, partido que integra a coligação de Melo, entrou na Justiça questionando a filiação do vice, André Cecchini, ao Patriota, que teria ocorrido fora do prazo legal.
Sem esse personagem, de nome Luiz Armando Oliveira, Fortunati seguiria candidato e disputaria com Melo uma vaga no segundo turno.
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