A entrevista de 30 minutos do candidato Sebastião Melo (MDB) ao Gaúcha Atualidade, nesta quinta-feira (26), foi reveladora de que as críticas à gestão do prefeito Nelson Marchezan (PSDB), expressas no primeiro turno, ficaram para trás. Melo só discordou frontalmente da forma como o atual prefeito se relaciona com os professores.
Questionado sobre ideias inovadoras para a educação em Porto Alegre, respondeu que a principal inovação seria o diálogo com os educadores, ressaltando que o calendário escolar e a recuperação das aulas perdidas na pandemia não podem ser impostos pela prefeitura, nem pelos professores, e que é uma construção.
O candidato do MDB se comprometeu a dar sequência aos principais projetos da gestão atual, a começar pela parceria público-privada na área de saneamento, diante da falta de recursos públicos para o Dmae atingir as metas de universalização do fornecimento de água tratada e de tratamento de esgotos.
Questionado se, no loteamento de cargos, iria entregar o Dmae aos partidos aliados ou indicar para o comando uma pessoa de sua confiança, Melo disse que não trata da formação do governo antes da eleição. Adiantou, porém, que não fará reserva de cargos e que confia nas indicações dos aliados, que deverão adotar o critério da competência para a área.
Melo disse que, se for eleito no domingo, vai ao gabinete de Marchezan na segunda-feira, para se inteirar dos projetos e discutir a transição. Também assumiu o compromisso de dar continuidade às obras de revitalização da orla do Guaíba e à concessão do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho à iniciativa privada.
Em relação a parques e praças, acenou com a possibilidade de autorizar a abertura de pequenos negócios, em troca da manutenção. Citou, como exemplo, "bancas de revista que vendam água".
No enfrentamento à pandemia de coronavírus e diante do crescimento do número de casos, o candidato reafirmou que não está nos seus planos "fechar a cidade", mas adotou um discurso mais cauteloso do que no primeiro turno. Disse que vai montar um comitê com especialistas para orientar as decisões na área da saúde, sempre tentando preservar o equilíbrio com a economia.
Questionado sobre os planos para a cultura — área ignorada nos debates —, Melo disse que a Secretaria da Cultura será mantida e que vai usar os fundos já existentes para estimular projetos e descentralizar atividades.
Para um dos problemas mais críticos de Porto Alegre, a crise do transporte coletivo, o candidato do MDB defendeu a revisão da licitação feita no governo de José Fortunati, para adequar o sistema à nova realidade, mas não indicou medidas concretas para evitar o colapso. Ainda na área de mobilidade urbana, anunciou que vai repensar o uso do corredor de ônibus da Terceira Perimetral, que fica ocioso na maior parte do tempo, enquanto a via lateral enfrenta congestionamentos nos horários de pico.