O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
A poucos dias da data marcada para a votação da proposta de reforma tributária estadual na Assembleia Legislativa, a base do governo perdeu um integrante. O deputado Rodrigo Maroni (PROS) anunciou que não integra mais o bloco governista. Conforme o deputado, a decisão já foi comunicada ao governador Eduardo Leite.
Candidato a prefeito de Porto Alegre, Maroni fazia parte da base desde o início da gestão Leite. Apesar disso, em quase todos os projetos polêmicos votou contra o governo. As divergências ocorreram principalmente em projetos relacionados ao funcionalismo público, como a reforma administrativa e a reforma previdenciária, aprovadas no início do ano. O Piratini também não contava com o voto do parlamentar para aprovar a reforma tributária.
À coluna, Maroni disse que não se sente mais à vontade integrando o governo:
— Nossas diferenças de pensamento ficaram muito claras, por isso resolvi sair. Não é nada contra a pessoa do governador — declarou o deputado.
Segundo Maroni, as 10 pessoas indicadas por ele que ocupam postos no governo deixarão os cargos. Com a decisão, parlamentar se tornou independente.
Após a saída de Maroni, o bloco situacionista ocupa 39 cadeiras no Legislativo, enquanto a oposição tem 13. Três parlamentares se declaram independentes.
Veja a íntegra do comunicado enviado por Maroni ao governador:
"Caro, Eduardo Leite;
Você me chamou para conversar antes mesmo de assumir o cargo de governador.
Na sede do PSDB na Andradas.
Naquele momento, ponderei que ajudaria na base com apenas duas ressalvas:
1. Jamais votar contrário a minha causa, que são os animais. Isso independente de partido, siglas ou governo.
2. Jamais votar contra os funcionários públicos que cumprem um papel, na minha opinião, mais importante do que os gestores.
E de lá pra cá, infelizmente, o que vi e acompanhei - a exemplo de fevereiro deste ano - foi um ataque permanente por parte do governo aos professores, brigadianos, policiais civis e demais servidores trabalhando com seus salários atrasados há 6 anos.
Com a aprovação da reforma, milhares de gaúchos, famílias inteiras de funcionários públicos, ficaram arrasados. Permaneceu apenas o amor pelo que fazem.
Que ano triste está sendo 2020.
Acredito que a diferença é fundamental, e respeito as suas escolhas, assim como ás dos meus colegas políticos. Contudo, para enterrar ainda mais a população pobre, vem aí a reforma tributária. Tu, Eduardo, assim como todos demais deputados da base, sabias do meu desconforto em viver isso.
Portanto, digo-lhe: não sinto mais nenhuma afinidade para permanecer com qualquer relação com governo, e então retiro-me. Talvez eu seja romântico, acreditava na sensibilidade, na mudança de opinião.
Nutri até uma certa expectativa com relação à diretoria dos animais que está sob a tutela do Secretaria do trabalho... e diga-me, Senhor Governador, nesses últimos dois anos, o que a secretaria fez em relação aos animais?
Portanto, o ataque aos servidores, bem como uma secretaria dos animais que só existe no papel, fizeram-me perder totalmente a esperança.
Por esse motivos, oficialmente estou fora da base.
Rodrigo Maroni, deputado estadual."
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