O decreto do governador Eduardo Leite que dá autonomia aos prefeitos de municípios com bandeira laranja e amarela para abrandar restrições previstas no modelo de distanciamento controlado causou apreensão no Interior. O presidente da Famurs, Eduardo Freire, não concorda com a mudança:
— A grande maioria dos municípios não tem expertise e poderá flexibilizar atividades alterando protocolos. Isso poderá trazer risco para a população agravando a pandemia e problemas para os gestores com órgãos de fiscalização.
Na noite de quinta-feira, depois da entrevista do governador, Freire publicou um alerta no grupo de gerenciamento da crise:
“Boa noite! Estamos apoiando o modelo do Governo do Estado que estabelece o distanciamento controlado e esperamos estar no caminho certo. Os resultados até o momento estão sendo considerados positivos, os municípios em sua grande maioria estão alinhados. Temos que estar sempre acompanhando de perto a evolução da pandemia e realizar as mudanças que forem necessárias. É nitidamente notado que as regras para alcançar as bandeiras mais severas foram alteradas. Essa discussão deixamos no momento para os técnicos. Mas, novamente, deixar a critério de municípios a possibilidade de flexibilização de protocolos, poderá prejudicar tudo que foi conquistado. Quem detém a expertise para avaliar esses protocolos específicos é o Governo do Estado. É muito importante a liderança do Governo Estadual nesse momento. Estamos acompanhando que Porto Alegre elabora suas próprias regras. É preciso que se aja contra isso e não abra a possibilidade de outros municípios, na maioria sem orientação técnica, façam o mesmo”.
O prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, que já esteve com bandeira vermelha e enfrentou uma das situações mais complicadas do Estado, pelo elevado número de mortes, também está preocupado:
— Assim a ciência vai para o espaço. Tenho dito que o que aconteceu aqui vai acabar, infelizmente, acontecendo em outros lugares. É só olhar a evolução dos casos. Erechim em 30 dias foi de 10 para 285 casos. E hoje o prefeito está sendo criticado porque vai abrir o comércio no feriado.
Outro prefeito que passou pela situação da bandeira vermelha e hoje está em zona laranja é o de Lajeado, Marcelo Caumo, que está cauteloso:
— A flexibilização traz mais preocupação o que benefício efetivo. Vivemos um período de grandes dúvidas. Por outro lado, as atividades nas bandeiras amarela e laranja são quase todas permitidas, salvo raras exceções que me parece que os municípios não buscarão flexibilizar neste momento.
Em Lajeado, a única atividade que deve ser alterada com base na concessão feita pelo Piratini é a dos bufês. Hoje, só são permitidos se um funcionário do estabelecimento servir o cliente. A prefeitura ainda está definindo o protocolo, mas a ideia é permitir que a pessoa sirva o próprio prato, com uso obrigatório de máscara e higienização das mãos com álcool gel na entrada e na saída da fila.
Em relação às igrejas, o prefeito planeja manter a lotação restrita a 25% da capacidade prevista no Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI).
Sinal de alerta na Serra
Na tarde desta sexta-feira (5), o governador Eduardo Leite se reuniu, por meio de videoconferência, com prefeitos de municípios da Serra, e fez um alerta:
— Montamos todo um sistema de informações, dados e estatísticas para ajudar a gerenciarmos melhor essa crise. Nosso sistema está nos informando que a Serra merece atenção.
Da reunião participaram também a secretária da Saúde, Arita Bergmann, e o secretário de Articulação e Apoio aos Municípios, Agostinho Meirelles , para apresentar um panorama do monitoramento dos dados referentes à evolução do coronavírus nas cidades.
No modelo de distanciamento controlado, a região de Caxias do Sul, que abrange 49 municípios, está com bandeira laranja (restrições médias). Como houve aumento do número de casos, é possível que a bandeira mude de cor neste sábado.
Até as 17h05min desta sexta-feira, a taxa de ocupação de leitos de UTI adulto na região de Caxias do Sul era de 77,3%. Dos 176 leitos disponíveis, 136 estão ocupados.