Estreante na Câmara Municipal de Porto Alegre a vereadora Mariana Lescano pagou seu primeiro mico ao postar na rede social X uma suspeita infundada sobre o Supremo Tribunal Federal e receber uma resposta sucinta dos administradores do perfil do Supremo.
A policial, que aparenta ignorar os processos na relação entre jornalistas e órgãos públicos, escreveu: “DAS DUAS, UMA... Moraes exigiu que Bolsonaro apresentasse o convite de Trump. E 127 segundos depois do documento ser publicado no STF, a Globo já divulgou o doc com matéria completa. Ou Moraes vazou pra Globo antes, ou a Globo tem jornalistas a frente do tempo e com bola de cristal. E aí, o que tu acha que aconteceu? Nós sabemos...”
No próprio post, o perfil oficial do STF respondeu: “Informamos que a decisão foi divulgada pela assessoria de imprensa do STF ao mesmo tempo para todos os veículos jornalísticos credenciados no Tribunal”.
Os jornalistas vinham acompanhando a petição da defesa de Bolsonaro para que o ministro Alexandre de Moraes libere seu passaporte e autorize viagem aos Estados Unidos para assistir à posse de Donald Trump.
Moraes solicitou que Bolsonaro apresente o convite oficial de Trump - e essa foi a notícia que levou a vereadora (inspirada no deputado Eduardo Bolsonaro) a imaginar uma teoria conspiratória e ser acusada de divulgar fake news nos comentários de seu post.
A posse do presidente dos Estados Unidos costuma ser um ato interno, sem convidados estrangeiros, como ocorre em outros países, sobretudo na América Latina. Trump inovou e convidou alguns líderes com os quais simpatiza, como Javier Milei, presidente da Argentina, e Georgia Meloni, primeira-ministra da Itália, ou com quem quer manter boas relações comerciais, como o presidente da China, Xi-Jinping. Após a solenidade no Capitolio e a caminhada do presidente na Avenida Pensylvania, ocorre um baile de gala, para o qual não se sabe quem foi convidado.
Moraes desconfiou da autenticidade do convite porque ele foi enviado ao gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro, do mesmo e-mail (info@t47inaugural.com) em que qualquer pessoa que tenha feito a inscrição pode receber a confirmação. Não há no e-mail endereçado ao “presidente Jair Bolsonaro” qualquer menção a horário ou programação do evento.
Mesmo que Bolsonaro apresente um convite oficial, a viagem não está garantida. Com os documentos em mãos, o ministro pedirá uma manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) antes de decidir se autoriza ou não o ex-presidente a viajar para a posse de Trump.