Postura muda..
O presidente Jair Bolsonaro convocou entrevista coletiva na quarta-feira (18), com o núcleo duro do governo, para apresentar ações de combate aos efeitos do coronavírus. Após tratar a pandemia com descaso, Bolsonaro reuniu os ministros e anunciou medidas para tentar controlar o avanço da doença.
Usando máscaras, o presidente e os ministros garantiram reforços na saúde e na segurança e a liberação de R$ 15 bilhões à população mais vulnerável.
Bolsonaro também determinou o fechamento de fronteiras com nove países da América do Sul durante 15 dias e se reuniu com chefes de outros poderes para discutir soluções na luta contra a proliferação do vírus.
... desdém continua
Enquanto toma atitudes, o chefe do Executivo ainda dá declarações combatendo a suposta “histeria” que envolve a divulgação de informações para o combate ao coronavírus. Bolsonaro ainda não se conforma com as críticas à sua participação nas manifestações do dia 15 de março.
Nesta sexta-feira (20) após confirmação da contaminação da 23ª pessoa com quem teve contato durante viagem aos Estados Unidos, o presidente disse que pode fazer novo exame para saber se está com o vírus e, sem demonstrar preocupação, mencionou a possibilidade de estar infectado.
Mesmo depois de ser alvo de panelaços, inclusive em bairros que sempre rejeitaram a esquerda, Bolsonaro voltou a dizer, nesta sexta, que o governo está fazendo o possível, mas que não pode “levar para o extremismo”.
— Tem certos governadores que estão tomando medidas extremas, que não compete a eles. Fechar aeroportos, fechar rodovias, fechar shopping, etc. (...) Se o comércio para, o pessoal não tem o que comer. Em alguns casos o vírus mata, sim, mas muitos mortos terão sem comida — disse Bolsonaro.
Crise diplomática
O deputado federal Eduardo Bolsonaro provocou uma crise diplomática ao responsabilizar a China pelo surgimento do coronavírus, em post no Twitter. A declaração provocou reação imediata do embaixador chinês Yang Wanming. Na mesma rede social, o diplomata repudiou a fala do deputado e exigiu pedido de desculpas.
Para acalmar os ânimos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pediu desculpas ao governo chinês e o vice-presidente Hamilton Mourão - este, de viva voz - ressaltou que Eduardo não representa o governo.
— Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha, não era problema nenhum - disse Mourão à Folha de S.Paulo, consagrando o novo apelido do “zero três”.
Cobrado por ruralistas, que vendem seus produtos para a China e não querem encrenca com parceiros comerciais, Eduardo tentou se explicar, dizendo que apenas reproduziu uma publicação com críticas à forma como o país asiático tratou o coronavírus. Em nova resposta, a Embaixada da China o disse que "quem insiste em atacar e humilhar o povo chinês acaba sendo dando um tiro no seu próprio pé".
Calamidade pública
No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite decretou calamidade pública na quinta-feira (19) para enfrentar a pandemia de coronavírus. A Assembleia aprovou a medida no mesmo dia, por unanimidade, autorizando o governador a remanejar o orçamento e descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal.
A determinação unificou regras restritivas de circulação, que vinham sendo adotadas individualmente pelas prefeituras As medidas incluem, por exemplo, a proibição de circulação dos ônibus interestaduais e de eventos ou reuniões com mais de 30 pessoas.
Outro ponto do decreto indica que fornecedores e comerciantes devem estabelecer limites para a compra de bens essenciais à saúde, à higiene e à alimentação sempre que necessário, para evitar o esvaziamento dos estoques.
Sem sessões
Para evitar a evolução da covid-19, a Assembleia Legislativa cancelou todas as sessões e reuniões presenciais das comissões até o dia 31 de março. O prazo pode ser ampliado, caso necessário.
Os deputados aprovaram também a possibilidade de votação virtual, em situações emergenciais, por um período de 30 dias, que também pode ser estendido.
A Casa reduziu as atividades ao mínimo necessário, adotou o teletrabalho e autorizou sistema de rodízio de colaboradores, terceirizados e estagiários, em turnos alternados e sem prejuízo salarial.