O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Influenciados pelo discurso do Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, que reclamou da “chantagem” do Congresso pelo direcionamento de parte do orçamento federal, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro preparam manifestações em todo o país no dia 15 de março.
Em áudio captado de uma transmissão ao vivo no Palácio do Planalto, o general disse aos ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) que o Executivo não deveria “aceitar esses caras (parlamentares) chantagearem a gente (governo) o tempo todo”.
Mais tarde, no Twitter, Heleno afirmou que externou sua visão sobre “insaciáveis reivindicações” de alguns parlamentares, o que, segundo ele, “prejudica a atuação do Executivo e contraria os preceitos de um regime presidencialista”.
O recado foi entendido pelos bolsonaristas como um basta ao chamado “parlamentarismo branco” conduzido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), fiel defensora do presidente, foi uma das primeiras a conclamar a manifestação pelas redes sociais. No Rio Grande do Sul, um dos articuladores do movimento é o deputado estadual Ruy Irigaray (PSL).
Segundo ele, uma frente “de direita e suprapartidária” deve se reunir no parque Moinhos de Vento, às 15h, para prestar apoio ao presidente e pressionar deputados e senadores a aderirem às pautas do governo.
— O congresso é daquele jeito e muitos deputados querem o toma-lá-dá-cá. O presidente não trata dessa forma e muitos não entendem.
Atacados pela militância virtual, Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) repudiaram as declarações de Augusto Heleno e, ao que tudo indica, serão os principais alvos dos manifestantes no dia 15.
Líder da bancada gaúcha, o deputado Giovani Cherini (PL) diz que o país precisa de "paz e serenidade" para crescer e, avesso ao confronto, prega uma “frente de notícias boas”.
— O governo precisa aprender a governar com o Congresso. O orçamento, quem decide, é o Congresso.
Aliás
Escolhido para a manifestação a favor de Bolsonaro, o dia 15 de março foi a data da posse de três presidentes do regime militar: Artur da Costa e Silva, em 1967, Ernesto Geisel, em 1974 e João Figueiredo, em 1979.
No mesmo dia, em 2015, ocorreu o primeiro protesto nacional contra o impeachment da então presidente Dilma Rousseff.