A frase do título, escrita em letras brancas e tom de advertência, ilustra uma sacola preta de algodão que a livraria Bertrand, de Lisboa, vende a 3,50 euros para clientes com preocupação ecológica, que evitam embalagens prejudiciais ao ambiente. Comprei uma nas últimas férias, não apenas para guardar Cebola Crua com Sal e Broa, livro do excelente Miguel de Sousa Tavares, mas porque acredito, de fato, que a leitura é o melhor antídoto para a ignorância. Nestes tempos duros de disseminação de notícias falsas, ler textos de qualidade é um remédio poderoso contra o desânimo.
Lembro a frase do “saco” português nestes dias em que a Praça da Alfândega se ilumina e transforma a paisagem do Centro Histórico de Porto Alegre em uma imensa livraria a céu aberto e permite o encontro mágico do autor com seus leitores. Talvez estejamos caminhando para o fim da Era do Autógrafo, com a ascensão do livro digital e suas inúmeras vantagens, como preço, preservação ambiental e facilidade para comprar em um clique e carregar milhares de obras em um equipamento de menos de 200 gramas. Apesar dessas facilidades, o livro de papel resiste e com ele as sessões de autógrafos, que são a alma da Feira do Livro.
Como será o encontro entre leitores e autores no futuro digital? Ouso sonhar que a Era do Autógrafo será substituída pela Era da Selfie. Em vez de cansar o pulso assinando livros, os autores falarão de sua obra e os leitores gravarão vídeos e farão selfies com seus preferidos, como já fazem hoje quando chega a sua vez na fila de assinaturas. Se isso servir para estimular a leitura, que venha o futuro com suas novidades. Enquanto ainda temos livros de papel, aproveitemos a chance de ter a assinatura dos nossos preferidos, que a lista é longa e rica.
Que outra chance teremos de encontrar Laurentino Gomes, o autor de 1808, 1822 e 1889, que agora está contando em detalhes a história da escravidão do Brasil? De uma selfie (por que não?) com Martha Medeiros, Claudia Tajes, Celso Gutfreind, Dilan Camargo, Maria Carli, a patrona Marô Barbieri e tantos outros escritores daqui mesmo que admiramos pela capacidade de contar histórias para adultos e crianças ou de fazer poesia? Eles e tantos outros que você pode conferir na programação da feira estarão entre nós nos próximos 15 dias, distribuindo remédios para a alma. Sim, como em A Biblioteca Mágica de Paris, eu acredito que livros também curam dores de espírito, como tristeza e solidão.