Desaparecido em 1974, durante a ditadura militar, o militante do movimento estudantil Fernando Santa Cruz será homenageado por entidades e movimentos sociais em um ato no próximo sábado (31), em Porto Alegre. Fernando é pai de Felipe Santa Cruz, atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Em junho, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, sem apresentar provas, que Fernando foi morto por correligionários, ainda que uma de decisão judicial reconheça a responsabilidade do Estado brasileiro no sequestro e desaparecimento do então estudante de Direito. A declaração gerou reação em movimentos de esquerda e entre defensores dos direitos humanos.
Coordenador da homenagem, o ex-deputado Pedro Ruas (PSOL) afirma que o ato começou a ser organizado no mesmo dia em que Bolsonaro deu sua versão sobre a morte de Fernando.
— Além da família Santa Cruz, o presidente atingiu todos os mortos e desaparecidos da ditadura e seus familiares — diz o ex-deputado.
Além de Ruas, o evento terá a presença dos ex-governadores Olívio Dutra e Tarso Genro (ambos do PT) e de deputados e vereadores de outros partidos de esquerda, como PDT, PSB, PCdoB, PCB e PSTU, além de representantes de movimentos sociais.
Felipe Santa Cruz ainda não confirmou se estará em Porto Alegre para o evento, que está marcado para as 15h no Memorial Luiz Carlos Prestes.
No início de agosto, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, solicitou que a Procuradoria-Geral da República investigue o presidente da OAB, por entender que ele cometeu crime de calúnia ao afirmar que Moro "banca o chefe de quadrilha" no caso dos hackers suspeitos de acessar mensagens privadas de telefones celulares de autoridades.
Na semana passada, ao Supremo Tribunal Federal, em resposta à ação do presidente da OAB, Bolsonaro enviou ofício dizendo que não teve a intenção de ofender ou de acusar Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira de crime quando falou publicamente sobre seu o caso.