O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, "usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas".
Na quinta (25), a Folha de S.Paulo revelou que Moro telefonou para autoridades que teriam sido alvo dos hackers presos na quarta (24), avisando que as mensagens das pessoas seriam destruídas em nome da privacidade. Ele conversou com o presidente da República, Jair Bolsonaro, com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.
A informação gerou forte reação: em primeiro lugar, Moro não poderia receber informações sobre o inquérito, que é sigiloso. Em segundo lugar, só o Judiciário, que supervisiona as investigações, pode decidir o que fazer com as provas coletadas na busca e apreensão feita na casa dos hackers.
Felipe Santa Cruz lembra que a OAB recomendou o afastamento de Moro do cargo quando as mensagens dele com procuradores da Lava-Jato começaram a ser divulgadas. A entidade afirmou então que a gravidade dos fatos demandava "investigação plena, imparcial e isenta".
— Muitos disseram que a OAB foi açodada quando sugeriu o afastamento do ministro, exata e exclusivamente para a preservação das investigações — afirma o advogado.