A cada dia que passa tramitando na Câmara, a reforma da Previdência ganha mais obstáculos e resistência de grupos de servidores públicos contrários às mudanças aplicadas a seus setores. Para as professoras, o relator da PEC, Samuel Moreira (PSDB-SP), relaxou o texto, incluindo no segundo parecer a possibilidade de aposentadoria aos 57 anos com direito a receber a integralidade do último salário como benefício.
Nesta quarta-feira (3), ficou decidido que os deputados tentarão apresentar no plenário da Câmara mudanças que beneficiam policiais, prevendo redução da idade mínima. Desta vez, foi o próprio presidente Jair Bolsonaro quem articulou em favor dos agentes das polícias Federal, Rodoviária Federal e Legislativa. Depois de defender que “todos deveriam dar sua cota de sacrifício”, Bolsonaro passou a ligar para deputados pedindo modificações para essas categorias.
Nesse ritmo, a economia para os próximos 10 anos poderá ficar abaixo do R$ 1 trilhão, conforme havia previsto inicialmente a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. Quanto mais a comissão especial da reforma da Previdência demora em apreciar o texto, mais reivindicações de corporações vão chegando. Essas últimas alterações estimulam a pressão por regras mais brandas em outras categorias. Trabalhadores que não possuem representantes atuando em massa no Congresso pagarão a conta. A reforma poderá terminar desidratada da mesma forma que ocorreu com a do ex-presidente Michel Temer foi.
Há quem aposte que a atual PEC será votada apenas após o recesso no plenário da Câmara. A atual versão, elaborada por Moreira, não aplica automaticamente as regras da PEC a servidores de Estados e municípios. A favor da inclusão de todos na reforma, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, já avalia incluir dentro do plenário da Casa esses entes federados. Outro aspecto que ficou em aberto foi a possibilidade de o governo cobrar contribuição extra para a Previdência, além dos 14% previstos em lei.