Se tudo correr como espera o governador Eduardo Leite, os projetos mais polêmicos de sua gestão serão votados até o final de setembro. A data foi definida a partir de três premissas:
1. Sem as reformas que abrem caminho para a adesão ao regime de recuperação fiscal a crise no Estado vai se aprofundar;
2. O capital conquistado nas urnas se esvai em poucos meses se o governo não for rápido na apresentação de propostas e no convencimento dos aliados de que é preciso aprová-las para o Estado voltar a crescer;
3. A partir de outubro, os deputados já estarão com a cabeça na eleição municipal de 2020 e será mais difícil aprovar projetos polêmicos.
O primeiro desafio é acabar com a exigência de plebiscito para vender a CEEE, a Sulgás e a CRM. A votação está prevista para abril e são necessários pelo menos 33 votos, por se tratar de emenda à Constituição.
Superada a etapa do plebiscito, o governo não tem como colocar as empresas à venda sem aprovar projetos específicos na Assembleia, detalhando o destino dos recursos arrecadados e o futuro dos empregados. Para esses, bastam 28 votos favoráveis
Até 31 de maio, o Piratini deve encaminhar à Assembleia um pacote de projetos de reestruturação de carreiras de servidores. Encarregada da elaboração dessas propostas, a secretária de Planejamento, Leany Lemos, deparou com um emaranhado de leis, decretos e portarias que formam o arcabouço regulatório das carreiras. A ideia é simplificar a estrutura de cargos e funções e facilitar a mobilidade dos servidores entre as secretarias. Esse trabalho corre paralelo à construção de um novo modelo de identificação de talentos nos quadros do Estado, para permitir a ascensão a cargos de chefia por critérios de competência e formação.
Leite não se abala com as críticas de que o ritmo do governo está aquém da expectativa dos seus eleitores:
– Para aprovar as propostas necessárias à superação da crise é preciso construir o ambiente na Assembleia. O diálogo é importante. Não quero chegar ao final destes quatro anos com o consolo de ouvir as pessoas dizerem “pelo menos ele tentou”. Só vou me realizar se conseguirmos fazer as mudanças.
A montagem do primeiro e segundo escalões leva em conta a necessidade de construir e manter a maioria no Legislativo.
ALIÁS: A justificativa de Eduardo Leite para suas frequentes viagens a Brasília e São Paulo é que na capital são tomadas as decisões que afetam o Rio Grande do Sul e no Estado mais rido do país está o dinheiro que ele quer atrair na forma de investimentos.