A novela mexicana em que se transformou a indicação do titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo deve ter um desfecho amanhã, com a provável confirmação de Dirceu Franciscon (PTB) no cargo que ocupou durante o mês de janeiro. Franciscon se licenciou para assumir como deputado estadual em 31 de janeiro e, desde então, se divide entre a Assembleia e a secretaria. Apesar de, oficialmente, não ter sido renomeado, seu nome figura no site oficial da pasta como titular.
Além de desgastar a imagem do governo, que vem sendo cobrado por não dar a devida atenção ao turismo e ao desenvolvimento econômico, a confusão expõe o próprio Franciscon e põe a nu uma prática indefensável e corriqueira, a de o suplente que assume no lugar de um deputado ser obrigado a manter os assessores do titular.
Na raiz da demora para completar o primeiro escalão de Eduardo Leite está a resistência do suplente, Marcus Vinícius de Almeida (PP), em manter assessores do PTB em seu gabinete. Ex-prefeito de Sentinela do Sul, Marcus Vinícius se rebelou contra a exigência e não aceita o argumento de que “todos fazem” ou que “sempre foi assim”.
À coluna, desabafou:
– A minha resistência não se dá por querer cargos do gabinete para mim. O que não quero é colocar gente que não conheço, que não tem o mesmo projeto e forma de pensar. Quero apenas poder ter um gabinete com pessoas afinadas, falando a mesma língua, comprometida com os mesmos valores e bandeiras. E, principalmente, um gabinete de pessoas de carne e osso. Que trabalhem, cumpram horário, apresentem relatórios e façam jus à condição de servidores públicos.
Chamado de “birrento, egoísta e prepotente” por não concordar com o troca-troca, Marcus Vinícius se defende dizendo que é uma questão de respeito à moralidade e à legalidade que a Constituição impõe. Ao governador, avisou que não fará indicações para o Executivo.
Às pessoas com quem convive na secretaria, Francison se revela incomodado com a situação e diz que deseja assumir de vez, para colocar em prática os projetos que tem para o turismo e o desenvolvimento.
Diante do impasse, cogitou-se a indicação do ex-ministro Ronaldo Nogueira (PTB) para a secretaria, o que criaria um conflito com o PP, que aceitou indicar Covatti Filho para a Secretaria da Agricultura e abriu vaga para o suplente Ronaldo Santini na Câmara.
Nogueira diz que sua ida para o secretariado não passa de especulação. Reconhece que, do ponto de vista pessoal, seria interessante ficar perto da família, no Rio Grande do Sul, mas que está muito bem na Fundação Nacional da Saúde (Funasa), em Brasília, e não recebeu qualquer convite do governador.
Ex-ministro do Trabalho, Nogueira considera escandalosa a prática de os titulares de mandato exigirem do suplente a manutenção de seus assessores no Legislativo:
– Pelo que conheço do Dirceu, ele não está exigindo isso. É um homem correto e tem bons planos para a secretaria.