Representando o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Secretaria de Governo, General Carlos Alberto dos Santos Cruz, esteve nesta sexta-feira (11) em Porto Alegre para oficializar a concessão de estradas federais no Rio Grande do Sul à iniciativa privada. Com a coluna, Santos Cruz falou sobre os próximos investimentos no Estado, sobre as consequências comerciais após mudança da embaixada em Israel e as últimas revelações envolvendo o ministro Onyx Lorenzoni. Sua posição sobre as aposentadorias dos militares também foi exposta.
Tem algo preparado para o Rio Grande do Sul dentro do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI)?
Tem. Agora, nos próximos três meses, tem um calendário já definido de leilão para administração dos aeroportos (do Interior). Existe esse planejamento e vai ser executado de acordo com o calendário. Até março, deve ter grupos de aeroportos concedidos à iniciativa privada. Tenho de ver o calendário e o detalhamento, mas tem um pacote de aeroportos.
E estradas?
Tem esse trecho de quase 500 quilômetros (as quatro rodovias federais já concedidas) e também o Rio Grande do Sul, o governador (Eduardo Leite), está muito interessado na duplicação da rodovia que sai de Porto Alegre em direção a Pelotas (BR-116). Vamos ver aí, tem o calendário para o Brasil inteiro e tem grande quantidade de coisas a serem feitas.
A mudança da embaixada de Israel para Jerusalém pode prejudicar a exportação de carne para os árabes, principal comprador dos produtores gaúchos de aves e suínos. Como está sendo feita essa mudança?
Esse é um assunto que considero no campo das ideias. Da ideia para a realidade tem uma distância muito longa e acho que nossos produtores não precisam ficar preocupados. Sem dúvida nenhuma, não vai haver prejuízo nenhum para o nosso pessoal.
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que a negociação com os Estados para aderir ao regime de recuperação fiscal ficará para 2020. O Rio Grande do Sul está pendurado por liminar no Supremo Tribunal Federal que o desobriga de pagar a dívida com a União. Se o Estado não começar a negociar com o governo federal agora, corre o risco de ter de retomar o pagamento. Quando Jair Bolsonaro estará disposto a conversar com o Palácio Piratini?
Essa aí é uma área do Onyx. Se ele falou isso, é porque provavelmente isso vai acontecer, mas não é só Rio Grande do Sul que tem dificuldades econômicas. O governo federal, sem dúvida nenhuma, tem o maior interesse de que essa recuperação fiscal dos Estados ocorra de maneira harmônica. Todos os Estados em dificuldades terão boas condições de renegociação.
Ainda neste ano ou só em 2020?
Não sei dizer quando porque é uma iniciativa do governador com o governo federal.
Há manifestações diversas do senhor em relação à Reforma da Previdência e os militares. Em dezembro, disse que todos deveriam ceder, incluindo os militares. Nesta semana, defendeu que a categoria é especial e que tem de ser considerada de forma diferente. Qual é a sua posição sobre o tema e a inclusão dos militares nessa reforma?
Infelizmente, às vezes a imprensa faz uma chamada um pouquinho diferente do conteúdo para chamar o leitor, isso aí acontece. Já vi várias headlines (manchetes) chamando de uma forma o que está dito de uma outra. É um assunto de muito interesse, a Reforma da Previdência é uma coisa que parece que toda a sociedade agora já está consciente de que é necessária. Agora, como ela vai ser feita, é uma coisa que precisa ser discutida. E o pessoal tem essa curiosidade, como vai fazer com os militares. É o caso de militares, policiais, agentes penitenciários, que exercem uma das profissões mais estressantes do mundo. Sempre dou esse exemplo porque eles têm uma característica muito especial também e, sem dúvida, numa reforma de Previdência todos vamos ter de fazer uma revisão. O governo já está fazendo isso aí, já existem algumas indicações, mas não está numa forma final. Os militares têm um sistema próprio. Quando você compara o sistema previdenciário com o sistema militar, que não é considerado previdenciário, para você fazer um paralelismo, é difícil nessa área.
Mas será revisto? O senhor defende essa revisão?
Provavelmente, sim. É um momento para todas as categorias, não só militares. Você pega Judiciário, Ministério Público, Legislativo, servidores públicos, todos vão, provavelmente, passar por uma revisão. O Ministério da Defesa tem todos os estudos feitos para discutir com a área econômica.
Como o senhor avalia as informações levantadas pela imprensa sobre a verba da Câmara usada pelo ministro Onyx para custear deslocamentos aéreos durante e campanha de Bolsonaro e o uso de notas sequenciais para pagar a um amigo serviços de consultoria que não foram comprovados?
Vi pelo jornal. Não é porque saiu no jornal que a gente vai considerar que é tudo já absolutamente investigado e comprovado. Então, tem de fazer um levantamento. E compete a ele, que é o grande interessado, dar as explicações. Tudo aquilo que é público tem de ser explicado.
E como está o que o Onyx classificou como "despetização" da Esplanada? O senhor está fazendo a sua?
Não uso esse termo. Não estou levando em consideração esse tipo de ideologia. A gente também tem feito várias dispensas, porque estava superlotado, superdimensionado. Mas tenho levado em consideração, entrevistando um por um, e ficando com o pessoal ou fazendo as dispensas baseado numa avaliação de capacidade. Os chefes de setores entrevisto para fazer uma análise e não fazer nenhuma injustiça. E realmente aproveitar aquelas pessoas que têm capacidade de trabalho, dispensando aqueles que não são necessários.