O pior momento da crise do Estado fez a presidente da Federasul, Simone Leite, se posicionar favoravelmente à manutenção das alíquotas do ICMS, contrariando suas convicções pessoais acerca de carga tributária. Se a Assembleia decidir não manter as taxas, a básica, por exemplo, cairá de 18% para 17%. A posição oficial da Federasul, porém, será definida a partir do dia 8, quando as associações do Interior debaterão o tema.
— Acho razoável a manutenção das alíquotas, temos de dar uma chance para o eleito. Não adianta largar o Estado na mão dele sem esse recurso extra — afirmou Simone à coluna.
Se os percentuais voltarem ao que eram em 2015, o governo perderá cerca de R$ 3 bilhões bruto por ano. Em outubro foi a primeira vez que nenhum servidor recebeu o salário no último dia útil. Por diversos motivos, o Rio Grande do Sul deixou de sacar da conta dos depósitos judiciais recursos que poderiam ser alocados para pagamento da folha.
O presidente da Fiergs, Gilberto Petry, ao contrário de Simone, é contra a manutenção da alíquota e diz que essa é a posição da entidade que lidera. Ele afirma que o Estado tem uma das mais altas taxas de ICMS do país e que, por isso, o empresário perde clientes para outras unidades da federação.
— A margem de lucro do empresário brasileiro em geral é muito baixa. De uma maneira geral, pensam que o empresário repassa o aumento do ICMS para o seu produto, mas não é verdade. Se fosse assim, perderíamos competitividade — disse Petry.
O presidente da federação das indústrias lembrou ainda que uma equipe da entidade fez um diagnóstico dos problemas financeiros do Estado e montou sugestões para que o Rio Grande do Sul saia da crise. O documento foi entregue no primeiro turno a todos os candidatos ao Palácio Piratini.
Por enquanto, o projeto que mantém as atuais taxas não foi encaminhado à Casa. A elaboração do texto depende de conversa programada para a próxima segunda-feira (5) entre o atual governador, José Ivo Sartori, e seu sucessor, Eduardo Leite, que deseja diminuir o imposto a partir de 2021.