Além de estarem diante do pior atraso salarial desde o início do governo Sartori, os sindicatos de servidores estaduais também estão com dificuldade financeira para se mobilizar e reagir a esse cenário. Em entrevista coletiva, no fim da manhã desta quinta-feira (1º), entidades que representam professores e policiais civis estaduais criticaram o atraso nos repasses das mensalidades sindicais.
— No momento em que o governo do Estado não repassa os recursos para o sindicato, ele ata as mãos do sindicato. Porque não há recursos para fazer uma mobilização. Além de não pagar os salários, o governo também está limitando o poder de reação da entidade — avalia Helenir Schürer, presidente do Cpers, entidade que representa os professores estaduais.
As contribuições voluntárias de trabalhadores aos sindicatos, para defender os interesses das categorias, foram descontadas em folha, em setembro e outubro, mas não chegaram até as entidades. O governo do Estado anunciou na quarta-feira (31) que esses e outros repasses, relativos a setembro, devem ser quitados no dia 9. Em relação aos repasses de outubro, não há previsão.
— Justamente no período pré-eleitoral que o dinheiro sumiu de uma hora para outra. Não aconteceu nada de diferente neste Estado (no último mês), além da eleição. Onde o governo colocou a arrecadação? — criticou o presidente Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm, sindicato que representa policiais civis.
O Cpers informa que tem 83 mil trabalhadores da área da educação filiados, gerando arrecadação mensal de quase R$ 2 milhões. Já a Ugeirm relata ter cerca de 5 mil associados, com arrecadação mensal de cerca de R$ 240 mil. O atraso de repasse atual é de dois meses.
O que diz o governo
Na primeira nota divulgada na quarta-feira (31), o Piratini admitiu que ainda não terminou de quitar os valores relativos à folha de setembro, apontando que R$ 180 milhões de consignações de servidores seguem em aberto. Contabilizados neste valor estão os repasses dos sindicatos. Sem recursos até o momento, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) prevê quitar esse débito no dia 9 de novembro, com ingresso dos primeiros recursos de ICMS do mês.
Em uma segunda nota, divulgada no fim da tarde de quarta, o governo do Estado afirmou que "a realidade das finanças públicas sempre foi tratada com a máxima transparência" e que "qualquer cidadão pode acompanhar o quanto se arrecada e para onde o dinheiro é destinado".