Sem diferenças significativas nas propostas, os candidatos Eduardo Leite e José Ivo Sartori protagonizaram na RBSTV um dos debates mais tensos — e repetitivos — do segundo turno, retratando o clima verificado na campanha nos últimos dias. Em todos os blocos, os dois trocaram farpas e retomaram temas que já haviam abordado. Leite apontou as deficiências do governo em áreas críticas, como segurança e infraestrutura, e o governador cobrou do ex-prefeito de Pelotas que indicasse de onde sairá o dinheiro para cumprir as promessas que está fazendo.
Confrontado com a incompatibilidade entre a situação financeira do Estado e sua promessa de colocar os salários em dia e reduzir impostos, Leite respondeu que vai combater a sonegação, revisar benefícios fiscais e adotar um programa de desenvolvimento capaz de reaquecer a economia. "Parole, parole, parole", repetiu Sartori em mais de uma oportunidade.
O primeiro embate ocorreu logo no início, quando, em uma pergunta sobre estradas, Leite acusou o governo Sartori de lentidão.
—O rápido demais às vezes acaba preso, como aconteceu com um governador do seu partido —disse Sartori.
— Não coloque no meu colo o que não é minha responsabilidade — respondeu Leite, citando os emedebistas que estão encrencados com a Justiça, como o presidente Michel Temer e o ministro Eliseu Padilha.
Fora do segundo turno, o PT acabou virando personagem do debate. O governador comparou a postura de Leite à do PT, que "é contra tudo e só faz promessas". E reclamou que Miguel Rossetto criticava seu governo, mas o tratava melhor do que Leite. Para fustigar o adversário, insinuou que a política de segurança de Leite seria a mesma dos governos do PT, já que seu vice, o delegado Ranolfo Vieira Jr., foi chefe de Polícia do governo Tarso Genro. Disse que Ranolfo é um "quatro técnico, mas também é político e concorreu a deputado". Leite respondeu que Ranolfo é um delegado de carreira e lembrou que, nos primeiros meses de governo, Sartori manteve o chefe de Polícia e o comandante da Brigada Militar de Tarso.
Não foi a única vez em que o PT esteve no centro da arena. Leite disse que Sartori insiste em associá-lo ao PT e lembrou que derrotou o PT quando concorreu a prefeito de Pelotas e quando elegeu a vice, Paula Mascarenhas.
Como o adversário citou os bons resultados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, Sartori atribuiu o sucesso ao fato de, nesses Estados, os governadores terem sido reeleitos.
Na despedida, Sartori pediu voto para si e para Jair Bolsonaro. Último a falar, Leite disse que não se contenta com o pouco que o Estado fez, acenou com um Estado mais dinâmico, e não mencionou a eleição presidencial.