Desde domingo, era óbvio que os dois candidatos ao Piratini classificados para o segundo turno votariam em Jair Bolsonaro por convicção ou por exclusão, já que os dois se declaram antipetistas. Leite abriu o voto na noite de domingo mesmo, na primeira entrevista depois de conhecidos os resultados.
No dia seguinte, os dois reafirmaram o voto antipetista. Como Leite fez ressalvas às ideias de Bolsonaro na entrevista ao Gaúcha Atualidade, passou a ser cobrado pelos aliados, especialmente os do PP, a fazer uma manifestação mais incisiva, sob pena de perder o voto para Sartori.
Enquanto a campanha de Leite procurava o tom para uma declaração de voto que o candidato não queria ver confundida com manifestação de apoio, a equipe de Sartori colocou no ar um vídeo curto em que o governador reafirma o que havia dito na segunda-feira, depois da reunião do MDB.
No vídeo, Sartori diz apenas: “Este apoio a Bolsonaro dialoga com a necessidade de combate permanente à corrupção, apoio à Lava-Jato, mais segurança e um novo pacto federativo. Não é hora de omissão”.
Os sete partidos aliados divulgaram nota formalizando o apoio a Bolsonaro e justificando a decisão. “Não podemos demitir o retorno de um projeto de poder que gerou o maior escândalo de corrupção da história”, diz o texto.
Leite gravou um vídeo longo de três minutos e 46 segundos abrindo o voto, mas fazendo ressalvas a manifestações antigas de Bolsonaro.
“Os gaúchos, em sua maioria, votaram em Bolsonaro no primeiro turno, e eu respeito isso. Por isso, sei que apoiá-lo seria um gesto natural de quem deseja vencer esta eleição. Mas não quero vencer a eleição e perder a alma. Eu tenho, sim, uma posição firme: a de não arredar pé dos meus princípios e valores”, diz um trecho.
Leite lamenta que o capitão nunca tenha feito uma autocrítica “sobre frases e pensamentos que não respeitam a democracia e a existência pacífica e natural de outros seres humanos”.
Com o vídeo, o tucano quer encerrar o tema do voto na eleição presidencial e focar nos assuntos do Rio Grande do Sul. É o que também deve fazer Sartori. Se o 1,7 milhão de eleitores de Miguel Rossetto, Jairo Jorge e Roberto Robaina tiverem que escolher um dos dois, será pelo projeto que oferecerem ao Estado.