Emperrado nas pesquisas e ameaçado de ficar fora do segundo turno, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, partiu para o ataque ao adversário com quem disputa o voto do eleitorado conservador. As críticas, que marcam suas inserções no horário eleitoral, em vídeos e na voz de terceiros, foram incorporadas ao discurso do candidato, nesta quarta-feira (5), em Goiânia.
– Não vou nem perder tempo com Bolsonaro. É o pior candidato, não há ninguém tão despreparado e iríamos para o caos se ele fosse eleito. Farei o possível para que ele não seja eleito.
Em entrevista na capital goiana, Alckmin reforçou as críticas:
– Um despreparado, que, em 28 anos como deputado, não fez absolutamente nada, a não ser defender o corporativismo, que é o grande mal do Brasil. E votando sempre contra o país, votando com o PT, votando de maneira corporativa.
A estratégia do PSDB de partir para o ataque ao candidato do PSL ficou clara já no primeiro dia de propaganda, especialmente nas inserções exibidas ao longo do dia, em meio à programação.
A campanha do capitão pediu direito de resposta ao vídeo da coligação de Alckmin, no qual aparece hositlizando a deputada Maria do Rosário e uma jornalista. Além de chamar a deputada de “vagabunda”, ele ameaça agredir fisicamente a colega de Câmara.
O vídeo termina com a pergunta: “Você gostaria de ter um presidente que trata as mulheres como o Bolsonaro trata?”. O ministro Sergio Banhos, do TSE, negou o pedido de resposta.
Em outras peças, a campanha de Alckmin apresenta problemas e diz “isso não se resolve na bala”, numa referência indireta a Bolsonaro. Com tempo mínimo na TV, a campanha da aliança PSL-PRTB vem usando as redes sociais para responder aos ataques. Em um dos vídeos, usa as mesmas imagens de Alckmin, citando escândalos, e termina dizendo que isso tem de mudar, “nem que seja na bala”.
As referências às armas estão presente em todas as manifestações de Bolsonaro, que fez do direito da população se armar uma de suas bandeiras de campanha. Nesta quarta-feira (5), em uma manifestação no Distrito Federal, com a presença de milhares de simpatizantes, Bolsonaro posou para fotos simulando o gesto de engatilhar uma arma. No discurso, disse que vai “jogar pesado na questão da violência”.
Ao final da carreata entre Ceilândia e Taguatinga, e antes de conhecer o resultado da pesquisa do Ibope divulgada mais tarde, Bolsonaro estava em clima de “já ganhou”. Disse que o apoio nas ruas mostra que ele vai ganhar a eleição já no primeiro turno. E voltou a atacar a urna eletrônica, insistindo na teoria conspiratória de que qualquer que seja o resultado da eleição, será contestado porque a Justiça rejeitou o voto impresso.
A pesquisa do Ibope sugere que a falta de visibilidade no horário eleitoral, somada aos ataques dos adversários, afetaram o desempenho de Bolsonaro. Embora esteja em primeiro lugar, o candidato do PSL tem 22% – dois pontos a mais do que na pesquisa de agosto. Marina Silva se manteve estável, com 12%, Ciro Gomes subiu de 9% para 12% e Alckmin de 7% para 9%. Sem o ex-presidente Lula no jogo, Fernando Haddad subiu de 4% para 6%. O alto índice de eleitores dispostos a votar nulo ou em branco (21%), mais os indecisos (7%), indica que, a um mês da eleição, nada está definido.
Aliás
A pesquisa do Ibope divulgada nesta quarta-feira à noite traz péssimas notícias para Bolsonaro: nas simulações de segundo turno, ele perde para Ciro Gomes, Marina Silva e Geraldo Alckmin e empata tecnicamente com Fernando Haddad.