Em linhas gerais, a pesquisa do Datafolha divulgada nesta quarta-feira (22) repete a do Ibope, o que explica o segundo dia consecutivo de turbulência no mercado financeiro, com o dólar fechando o dia em R$ 4,056, alta de 0,46% em relação ao dia anterior, quando já havia subido 2,05%.
A explicação dos analistas é a mesma da véspera: o mau desempenho do tucano Geraldo Alckmin, um dos poucos que não assustam os investidores. Henrique Meirelles, que tem a confiança do mercado, está na parte de baixo da tabela, empatado com candidatos como João Amoêdo (Novo), Guilherme Boulos (PSOL) e até Cabo Daciolo (Patriota).
Como também fez pesquisa para governador e senador em parte dos Estados, o Datafolha ouviu 8.433 eleitores, uma amostra quatro vezes maior do que o Ibope, mas chegou às mesmas conclusões: o ex-presidente Lula lidera com folga (39%), Jair Bolsonaro (19%) vem em segundo lugar e há um empate técnico no pelotão intermediário onde estão Marina Silva (8%), Geraldo Alckmin (6%) e Ciro Gomes (5%).
Considerando-se que a Justiça Eleitoral deverá negar o registro à candidatura de Lula, convém dar mais atenção ao cenário em que o nome do ex-presidente é substituído por Fernando Haddad. Como o PT resiste em jogar a toalha, os eleitores de Lula migram para outras candidaturas. Haddad não passa de 4%. Marina é quem mais ganha com a saída de Lula e salta de 8% para 16% , Ciro pula de 5% para 10% e Alckmin passa de 6% para 9%. Bolsonaro passa de 19% para 22%. Dobra também o índice de eleitores indecisos ou dispostos a votar nulo ou em branco. Com Lula, 14%. Sem ele, 28%.
É em outra pergunta sobre a transferência de votos de Lula para o candidato indicado por ele que Haddad passa a ser considerado competitivo, abrindo possibilidade para o cenário mais temido pelo mercado, o segundo turno entre ele e Jair Bolsonaro.
Entre os eleitores de Marina, 38% disseram que votariam em um candidato indicado por Lula. Com Ciro, o percentual de infieis é ainda maior: 42%.
Esses números, somados ao fato de que a campanha de rádio e TV só começa em 31 de agosto, indicam que o cenário da eleição está em aberto. São várias as combinações possíveis para o segundo turno.
O alto índice de rejeição de Bolsonaro limita seu potencial de crescimento. Dos entrevistados pelo Datafolha, 39% disseram que não votariam no candidato do PSL de jeito nenhum. As mulheres são o maior problema de Bolsonaro. No eleitorado feminino, seu percentual é de 13% no cenário com Lula e de 14% quando o candidato do PT é Haddad.
Nas simulações de segundo turno, Bolsonaro perde para Marina (45% a 34%), Alckmin (38% a 33%) e Ciro (38% a 35%). No caso de Ciro, caracteriza-se o empate técnico, já que a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O capitão só leva vantagem na disputa direta com Haddad (38% a 29%).