
O pedido da delegada Cristine Ramos para deixar o cargo de diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher fez a crise na Polícia Civil subir mais um degrau e deve resultar na substituição do chefe de polícia do RS, delegado Fernando Sodré.
Cristiane pediu para ser removida para uma delegacia distrital, conforme informou a jornalista Adriana Irion, autora da reportagem que deu origem à crise, informando que 307 mulheres vítimas de violência doméstica desistiram de formalizar a ocorrência entre fevereiro e abril, pela demora no atendimento.
A situação de Sodré tornou-se insustentável na sexta-feira da semana passada (2), quando ele esteve na Deam e fez uma cobrança incisiva às delegadas Cristiane e Carolina Funchal Terres, que chefiava o plantão, pelo vazamento da informação sobre as 307 mulheres.
A cobrança foi testemunhada pelo jornalista Carlos Rollsing, do GDI, e relatada em GZH. Pouco antes, Sodré havia dito no Gaúcha Atualidade que esse número era impreciso, porque não se sabia quais as causas reais da desistência.
Depois da carraspana pública, Sodré se reuniu a portas fechadas com as delegadas Cristiane e Carolina e teria sido ainda mais duro, ação classificada na polícia como assédio moral. Depois desse episódio multiplicaram-se as reclamações contra Sodré, em contatos diretos de policiais com a imprensa, nos grupos de WhatsApp da Polícia Civil e na Associação dos Delegados de Polícia (Asdep).
Nesta quinta-feira (3), após o pedido de Cristiane, a Asdep divulgou nota de apoio e solidariedade à delegada Cristiane, lembrando que ela foi “admoestada em público após a imprensa divulgar que mais de 300 mulheres deixaram de registrar ocorrência pela demora no atendimento, motivado pelo reduzido número de policiais de serviço na 1ª Deam”.
A entidade também se solidariza com Carolina, que está em licença médica, “aparentemente em razão do mesmo episódio”, segundo a associação.
A se confirmar a demissão de Sodré, o secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, terá de se inspirar nos cardeais que escolheram o papa Leão XIV: encontrar uma pessoa conciliadora, que devolva a tranquilidade à Polícia. Um dos nomes mais cotados é o da delegada Adriana Regina da Costa. Seria uma forma de valorizar as delegadas e mostrar que o atendimento às mulheres vítimas de violência é, de fato, uma prioridade do governo.
Leia a nota da Asdep
